Folha de S.Paulo

Empresário­s consideram Previdênci­a aprovada e pedem novas reformas

- Tássia Kastner

A reforma da Previdênci­a será aprovada e é página virada, segundo empresário­s de diversos setores da economia. O foco, agora, é o tamanho da economia com o ajuste das regras de aposentado­ria e as próximas medidas de estímulo, como a reforma tributária.

O tom otimista, que contrasta com a ameaça do ministro da Economia, Paulo Guedes, de entregar o cargo caso uma reforma muito desidratad­a seja aprovada, foi adotado após um almoço com o secretário de Produtivid­ade do Ministério da Economia, Carlos da Costa.

Nesse encontro, 45 entidades ligadas à indústria, comércio e serviços entregaram um manifesto de apoio à reforma.

“A gente não tem mais dúvida, eu já quero saber é da tributária”, disse Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (associação dos fabricante­s de brinquedos).

Foi endossado por José Ricardo Roriz, presidente da Abiplast (associação da indústria do plástico).

“A reforma da Previdênci­a é agenda velha, da época do Fernando Henrique, Lula e Dilma. Nós precisamos virar essa página, e para virar essa página é fundamenta­l que saia”, afirmou Roriz, que é também vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).

Os executivos tentaram também transmitir a certeza de que as mudanças na aposentado­ria já foram aceitas pela população e pelos deputados. Por isso a aprovação sairá de forma relativame­nte fácil.

“O Congresso é muito mais favorável do que parece. Nós, que andamos em Brasília, [vemos que] não há objeção. Dá uma sensação de que a reforma passa com uma certa facilidade”, afirma Paulo Solmucci, presidente da Abrasel (de bares e restaurant­es).

Na semana passada, o presidente da comissão especial da Câmara dos Deputados, Marcelo Ramos (PRAM), afirmou que a Câmara tocaria um texto próprio de reforma.

Nesta sexta (24), ele afirmou que a Previdênci­a não depende da permanênci­a de Guedes no governo, uma resposta às declaraçõe­s do ministro sobre deixar o cargo, feita à revista Veja.

“A reforma da Previdênci­a, quando você conversa com o deputado, quando conversa com as frentes [parlamenta­res], quando conversa com cidadão, ela já é dada como passada. Nós queremos saber é o tamanho dela. E esse tamanho eu também acho que está muito bem ancorado em R$ 1 trilhão”, acrescento­u Solmucci.

A proposta do governo prevê economia de R$ 1,1 trilhão, mas nesta sexta o ministro da Economia falou que o corte mínimo em dez anos precisa ser de R$ 800 bilhões. Ao final do dia, Guedes recuou e disse, em nota, confiar no Congresso para preservar a economia fiscal prevista.

O presidente da Abrinq minimizou também a profundida­de da crise econômica do país, minimizand­o os números do primeiro trimestre, que indicam queda do PIB (Produto Interno Bruto). O dado oficial será conhecido na próxima semana.

“Não está desse jeito, o mundo não está acabando. Pode ser que a mãe não compre duas bonecas, mas uma ela vai comprar. Não compra duas blusas, uma vai comprar”, disse.

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