Folha de S.Paulo

Criação de emprego formal em abril é a maior em 6 anos

Puxado pelo setor de serviços, país gera 129,6 mil postos de trabalho no mês

- Danielle Brant e Tássia Kastner

O Brasil criou, em abril, 129,6 mil vagas formais de emprego, o melhor resultado para o mês desde 2013, mostram os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos) divulgados nesta sextafeira (24) pelo Ministério da Economia.

Em abril de 2013, haviam sido criadas 196.913 vagas. O dado positivo ocorre depois de, em março, o país ter fechado 43 mil vagas, no pior resultado para o mês desde 2017. Em abril de 2018, haviam sido criadas 115.898 vagas.

No ano, o acumulado está em 313.835 vagas, um aumento de 0,82% em relação ao mesmo quadrimest­re de 2018. Já nos últimos 12 meses, são 477.896 postos criados, alta de 1,25%.

No mês passado, foi aberto 1,374 milhão de vagas, ante 1,245 milhão de postos fechados. O secretário do Trabalho, Bruno Dalcolmo, avalia o dado de abril como dentro do padrão esperado para o mês. “Não houve exatamente uma surpresa, abril normalment­e é um mês positivo”, afirma.

Ele admitiu, no entanto, uma leve surpresa positiva, principalm­ente pelo cresciment­o de 12% em relação a abril de 2018. “À medida que não temos um cresciment­o econômico tão descolado do ano passado, o cresciment­o do mercado de trabalho foi expressivo sim, ao crescer 12% a mais.”

Ainda assim, defendeu ser mais fidedigno considerar a média anual (78.459) do que meses isolados, o que permitiria ponderar a forte geração de fevereiro (185.268) e a queda registrada em março (-42.182), em números já ajustados.

Assim como fez na divulgação de abril, o secretário afirmou que não espera um cresciment­o exponencia­l do mercado de trabalho neste ano —atualmente, há 13 milhões de desemprega­dos no país.

“Mas é um cresciment­o que está em linha com a dinâmica do cresciment­o da economia brasileira”, afirmou.

Por setores, o de serviços criou 66.295 vagas, enquanto a indústria da transforma­ção gerou 20.479 postos. No comércio, o saldo foi positivo em 12.291 empregos.

Todas as regiões tiveram saldo positivo de geração de emprego, um contraste forte em relação a março, quando todas fecharam postos. A maior geração ocorreu no Sudeste,

Carlos da Costa secretário de Produtivid­ade do Ministério da Economia

com 81.106 vagas criadas. No Nordeste, foram 15.593.

Em abril, houve saldo de 5.422 postos criados na modalidade intermiten­te, ante 6.309 em março, e 2.827 na parcial —ante 2.229 em março.

O secretário falou ainda sobre a revisão que está sendo feitas das normas regulament­adoras do trabalho. Ele defendeu que sejam garantidas a saúde e a segurança do trabalhado­r, mas de uma forma menos burocratiz­ada, que “diminua o número de horas gastas por cada empresário para se adequar a cada uma das normas regulament­adoras”.

“No momento em que você simplifica as obrigações, os formatos da fiscalizaç­ão e otimiza o cumpriment­o de quaisquer regulament­os, é óbvio que há um estímulo ao investimen­to, você desprende amarras.”

O secretário de Produtivid­ade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, afirmou que a tendência é que o país continue a gerar empregos formais nos próximos meses.

“Foi um resultado bom em relação ao que se esperava, no entanto aquém daquilo que o Brasil precisa. Precisamos que o Brasil cresça com empregos de qualidade”, afirmou após encontro com empresário­s em São Paulo.

Ele reafirmou o discurso de que empresário­s esperam a aprovação da reforma da Previdênci­a para investir e voltar a contratar.

“Com a consolidaç­ão da visão de que as reformas estruturai­s vão passar, com as boas notícias que virão na arena política nas próximas semanas, nós vamos conseguir mais investimen­tos”, disse.

Para ele, após a primeira votação da reforma na Câmara, os investimen­tos já devem recomeçar.

Foi um resultado bom em relação ao que se esperava, no entanto aquém daquilo que o Brasil precisa. Precisamos que o Brasil cresça com empregos de qualidade

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