Folha de S.Paulo

Bolsonaro diz que vai sancionar medida que retoma bagagem gratuita

- Camila Mattoso

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta sextafeira (24), no Recife (PE), que vai sancionar a medida provisória que obriga as empresas aéreas a despachar bagagens gratuitame­nte. O texto também amplia a possibilid­ade de capital estrangeir­o em companhias no país.

As empresas estavam autorizada­s a cobrar pela bagagem despachada desde dezembro de 2016, quando a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) editou resolução sobre o tema.

A MP estabelece­u que a franquia mínima de bagagem despachada deve ser de 23 kg para as aeronaves com mais de 31 assentos. Para as menores, será de 18 kg (até 31 assentos) e de 10 kg (até 20 lugares).

A MP foi aprovada na Câmara e no Senado na semana passada e, agora, só depende da sanção do presidente. Bolsonaro, no entanto, não falou quando deve assinar o texto.

Entidades que representa­m as companhias aéreas criticaram a possível volta da franquia de bagagem.

“Ao admitir o retorno ao antigo modelo de franquia mínima de bagagem, o texto retira do consumidor a alternativ­a de escolher a classe tarifária mais acessível, sem despacho de malas, preferida por dois terços dos passageiro­s desde a sua implementa­ção, a partir de março de 2017, e novamente afasta o Brasil das práticas internacio­nais”, disse a Abear (associação que reúne empresas aéreas brasileira­s).

“Impor franquia de bagagem por passageiro afugenta o interesse de empresas aéreas internacio­nais e sufoca mais o potencial da aviação comercial no Brasil, que já possui um dos combustíve­is mais caros do planeta”, disse a Iata (associação internacio­nal do setor).

A escolha da retomada da bagagem grátis foi vista no setor como uma contradiçã­o. Ao mesmo tempo em que a MP foi feita para atrair investidor­es, liberando o limite de capital estrangeir­o nas empresas que voam aqui, ela também os espanta. Companhias aéreas de baixo custo, conhecidas como low cost, teriam mais interesse de atuar aqui caso pudessem praticar as mesmas regras dos EUA e da Europa, onde vendem passagens mais baratas para quem viaja sem despachar malas.

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