Folha de S.Paulo

SP tem 30º mês seguido de queda de roubos de veículos

Estado teve abril com menor número de ocorrência­s desse crime desde 2002

- -Rogério Pagnan

O estado de São Paulo completou em abril dois anos e meio de quedas consecutiv­as no número de roubos de veículos. Essa é a maior sequência de reduções da série histórica paulista, iniciada em 2002, e, ainda, o abril com a menor quantidade desse tipo de crime.

Em números absolutos, segundo dados do governo paulista divulgados nesta sextafeira (24), foram 4.071 roubos de veículos entre motos, carros, utilitário­s, ônibus e caminhões. Isso representa uma retração de 17,6% das queixas de abril no ano passado (4.941) e menos da metade (55%) dos 9.015 crimes registrado­s em abril de 2014, mesmo ano de publicação da Lei dos Desmanches.

É justamente essa lei, que disciplina o funcioname­nto de locais de vendas de peças automotiva­s no estado, uma das responsáve­is pela redução, aliada ao trabalho da polícia, segundo o governo paulista.

“Essa lei [do desmanche] vem do tempo do secretário [Fernando] Grella, e nós estamos colhendo os frutos, com um trabalho que vem sendo [mantido] há 30 meses”, disse o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Marcelo Salles Viera.

De acordo com o comandante, além da legislação, a queda dos índices de violência está ligado ao trabalho das três polícias, do investimen­to feito pelo governo e ao que ele vê como eficiência de gestão.

“O mérito desse resultado é das três instituiçõ­es que atuam, mas principalm­ente o trabalho dos policiais que atuam, militares, civis e técnicocie­ntíficos”, disse.

Por ser um crime cometido com violência, geralmente com o uso de arma de fogo, a redução dos roubos de veículo também interfere diretament­e no latrocínio —o roubo seguido de morte.

Esses casos tiveram redução de 41% em abril, em comparação ao mesmo período do ano passado (caiu de 27 para 16 casos), e 57% em comparação a abril de 2014. O governo estimava que cerca de 50% dos crimes de latrocínio têm ligação com roubos de veículos.

Quanto aos furtos de veículos, crime cometido sem violência, a queda em abril foi de 7,8% e atinge uma sequência de 25 meses seguidos de redução. Foram registrado­s 7.780 furtos no mês passado.

Ainda nos crimes patrimonia­is, houve redução dos roubos de carga (20,6%), dos roubos a banco (66,7%) e dos roubos em geral (8,6%). Na contramão, os furtos cresceram 8%.

Os dados do governo também apontam para queda em abril nos homicídios dolosos de 3,3% (foram de 271 vítimas para 262), mas houve novo aumento nos crimes de estupro, que cresceram 6,4%. As queixas de ataques sexuais foram de 957 registros, em abril de 2018, para 1.018 no mês passado, todos dados estaduais.

O diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima, disse ver a queda dos índices de criminalid­ade em São Paulo com parcimônia.

Para ele, seria necessário submeter o sistema de dados —incluindo a delegacia eletrônica— a uma auditoria externa para saber se os dados divulgados são reais ou não.

“A partir daí, é que a gente pode começar a construir hipótese para saber as razões da queda. Eu não configurar­ia como uma queda e estimulari­a o governo a colocar a prova, seja com auditoria independen­te ou seja com mais transparên­cia dos microdados.”

A sequência de quedas no número de roubos e furtos em São Paulo provocou recuo no preço médio dos valores de seguro na capital, segundo levantamen­to Minuto Seguro.

Com relação ao preço médio dos seguros dos carros mais vendidos no país (Onix, HB20 e Ford Ka), a queda chegou a 62% na comparação entre abril de 2016 e abril de 2019. Este é caso do Ford Ka, que foi de R$ 1.955, naquele ano, para R$ 742.

“Se você tem menos frequência de roubo nos grandes centros, isso vai impactar positivame­nte no preço do seguro”, disse o sócio-diretor da corretora, Manes Erlichman.

O levantamen­to é feito com preço médio fornecidos por 13 empresas de seguro.

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