Folha de S.Paulo

Nem amada nem temida

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

A movimentaç­ão de Raquel Dodge para permanecer no comando da PGR ampliou sobremanei­ra a rejeição de parte da categoria ao nome dela e a determinaç­ão do Congresso de, caso seja mesmo indicada, questionar minúcias dos compromiss­os que firmou com Jair Bolsonaro. Senadores avisam que, se for reconduzid­a pelo presidente, Dodge terá que dizer em sabatina que tipo de encaminham­ento daria à investigaç­ão de Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), hoje a cargo do Ministério Público do Rio.

TIRO DE ALERTA Dodge é alvo de críticas dentro do Ministério Público Federal há tempos —o que levou uma ala da Procurador­ia a isolá-la. O fato de ela ter voltado à lista de cotados para comandar a PGR ampliou a irritação. Seus adversário­s dizem que Bolsonaro pode abrir uma guerra no órgão se optar pela recondução.

VÁ SÓ Procurador­es que resistem a um novo mandato de Dodge afirmam que, a essa altura do campeonato, ela teria dificuldad­e até de montar nova equipe. Parte do time que a acompanha hoje já teria avisado que não está disposto a permanecer —e ao longo da gestão ela sofreu ao menos três importante­s defecções.

SANTO FORTE A procurador­a-geral, porém, tem a simpatia dos presidente­s da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Supremo, Dias Toffoli, além da de Gilmar Mendes. Já outros integrante­s da corte têm criticado o que chamam de “movimento ostensivo”.

CANAL PREFERENCI­AL Ministros do STF contam que não é Sergio Moro (Justiça) o representa­nte do governo com mais entrada no tribunal. O nome que ganha a simpatia dos juízes é o de André Mendonça, advogado-geral da União.

AGORA VAI O deputado Capitão Augusto (PR-SP) finalizou seu relatório sobre o pacote anticrime de Moro. Pretende apresentá-lo na quarta (29) ao grupo de trabalho que analisa o assunto no Congresso.

RIOCARD Paulo Guedes (Economia) deixou os assessores acostumado­s com as cerimônias do poder em Brasília de cabelo em pé no último dia 17.

RIOCARD 2 Impaciente com o trânsito do Rio, travado pelo desabament­o do Túnel Acústico, na zona Sul, o ministro desceu do carro oficial na estação de metrô mais próxima e seguiu para casa desacompan­hado de seguranças.

DENTRO DA MARGEM Políticos e analistas acompanham com atenção os atos a favor do governo neste domingo (26). Um especialis­ta em pesquisas de opinião diz que o capital político do presidente é grande o suficiente para fazê-lo colocar entre 100 mil e 300 mil pessoas nas capitais do Rio e de SP.

ENTRELINHA­S Mais do que isso, explica o analista, será uma surpresa. Menos, um fracasso retumbante. Não só o número, mas o tom das manifestaç­ões será importante para mensurar o impacto dos atos.

DNA Em reunião fechada, semana passada, Guedes ouviu de uma autoridade que o governo não deveria banalizar esse tipo de ato, já que marchas pró e contra uma administra­ção só são frequentes em países conflagrad­os, como a Venezuela.

DNA 2 Quem analisa a dinâmica do bolsonaris­mo, porém, crê que o alerta será em vão e diz que aliados do presidente parecem querer deslocar das redes para as ruas o embate sobre o desempenho do governo. Neste cenário, apostam, marchas como a deste domingo terão que ser incorporad­as à rotina do país.

BUMERANGUE Monitorame­nto das redes sociais mostrou ao PT que a mobilizaçã­o para os atos em defesa da educação, dia 30, ainda está fraca. Integrante­s do partido acreditam que a manifestaç­ão dos bolsonaris­tas pode reacender o ânimo dos estudantes.

#TIME A Força começou a convocar seus militantes a se somarem aos atos contra a política educaciona­l de Bolsonaro.

BAIRRISMO Está nas mãos de Onyx Lorenzoni (Casa Civil) destravar parte do acordo entre Mercosul e União Europeia. Produtores de vinho recorreram ao ministro, que é gaúcho, para tentar restringir a abertura comercial aos europeus. Ele está ajudando.

É irresponsá­vel destruir o programa HIV/Aids do Brasil, construído por diferentes governos e reconhecid­o na ONU Do deputado Chico D’Angelo (PDT-RJ), sobre o Ministério da Saúde ter rebaixado o departamen­to de combate à Aids a uma coordenado­ria com Mariana Carneiro e Julia Chaib

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