Violência marca dia de paralisação nas principais capitais
Em SP, dez foram detidos sob suspeita de incendiar carro; no PR, integrante do MST levou tiro de borracha no rosto
Tiro de borracha no rosto de um manifestante, pessoas atropeladas, prisões, depredações e hostilidade à imprensa marcaram o dia de greve geral nas principais capitais do país. Em São Paulo, trens e ônibus funcionaram, mas muitos veículos ficaram lotados devido à paralisação no metrô.
rio de janeiro, curitiba, porto alegre, recife, salvador e
são paulo Tiro de borracha no rosto de um manifestante, pessoas atropeladas, prisões, depredações, bombas e hostilidade à imprensa marcaram nesta sexta-feira (14) o dia de greve nas principais capitais do país.
No Rio de Janeiro, um motorista atropelou manifestantes numa avenida em Niterói. Duas professoras e três estudantes ficaram feridas.
A roda do carro passou por cima da perna de uma das professoras e um dos estudantes teve escoriações no braço. Parte dos vidros do carro foi quebrada, e o motorista fugiu. A polícia disse que tenta identificar o autor do crime.
Na capital fluminense, o clima ficou mais tenso no começo da noite. Um manifestante soltou fogo de artifício e a Polícia Militar lançou bombas de gás lacrimogêneo.
Depois da correria, a manifestação se dispersou, mas grupos de policiais continuaram avançando na via, a pé, a cavalo, em motos e em carros.
Manifestantes que restaram reclamavam da atuação. Uma mulher que gritava contra policiais acabou sendo atingida por gás de pimenta no rosto.
Em São Paulo, a PM lançou balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo em manifestantes na esquina da Paulista com a Consolação.
A ação provocou tumulto. Grupos correram para a estação Higienópolis-Mackenzie, da linha 4-amarela do metrô.
Perto da USP, na região do Butantã (zona oeste), dez estudantes foram detidos sob suspeita de incendiar um carro.
Eles foram autuados por associação criminosa, dano ao patrimônio e incêndio.
Há nove homens e uma mulher na carceragem do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais). Os estudantes negam o crime e serão ouvidos neste sábado (15) em audiência de custódia.
Ao menos duas pessoas foram encaminhadas ao Hospital Universitário após serem atingidas por estilhaços de bomba de efeito moral.
PMs que acompanhavam a manifestação disseram ao delegado Fabiano Barbeiro, da 6ª delegacia do patrimônio, que o carro furou o bloqueio e foi queimado em represália. Já os estudantes afirmaram que não estavam próximos do carro e não confirmaram a versão de que o veículo avançou.
Barbeiro disse que trabalha com duas versões: uma segundo a qual uma pessoa teria sido interceptada pelos manifestantes, que queimaram o carro; a outra indicaria que manifestantes teriam levado o carro com o propósito de atear fogo.
A Folha procurou a Secretaria de Segurança Pública, mas não teve resposta.
No Paraná, Sandro de Lima, 44, integrante do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) foi atingido por um tiro de bala de borracha no rosto, em um protesto na região metropolitana de Curitiba. Ele foi internado com uma fratura na mandíbula, segundo a secretária da saúde.
Em Porto Alegre, a Brigada Militar (PM) prendeu 54 pessoas em um piquete numa garagem de ônibus.
Em Alvorada, na região metropolitana, um soldado ficou ferido na cabeça após levar uma pedrada de um manifestante.
Cerca de 30 micro-ônibus foram vandalizados em meio a paralisações em Salvador. Não houve registro de feridos.
Momentos antes de o ato ser iniciado em Recife, manifestantes expulsaram uma equipe da Rede Globo que fazia a cobertura do protesto, no centro da cidade.
Aos gritos de “golpista” e “fora, fora”, um dos manifestantes chegou a puxar a cinegrafista pela câmera.
Após o ocorrido, um pequeno grupo formado por integrantes da UNE (União Nacional dos Estudantes) pediu desculpas às profissionais e disse que a atitude não refletia a essência do movimento.