Folha de S.Paulo

A prazo e com juros

- Daniela Lima painel@grupofolha.com.br

As críticas de Paulo Guedes (Economia) ao texto da reforma da Previdênci­a produzido pela Câmara tendem a custar caro ao ministro. Líderes de partidos trocaram telefonema­s logo após o ataque. Ninguém vai derrubar a proposta, mas todos avisam que o governo pode se preparar para, encerrada esta missão, perder por completo qualquer ingerência sobre o Congresso. Para parlamenta­res, esta foi a prova de que nem na pasta há um mínimo de noção do que é independên­cia entre Poderes.

que rei sou eu?

A avaliação na Câmara foi a de que Guedes, mesmo blindado por Rodrigo Maia (DEM-RJ), se alinhou à ala do governo que aposta no emparedame­nto do Congresso, por meio de pressão popular, para submeter deputados e senadores às suas vontades.

bateu, levou

Nesta sexta (14), diante do relatório que gera economia de R$ 860 bilhões, Guedes disse que os deputados não tinham “compromiss­o com o futuro”. Na sequência, foi chamado por congressis­tas e operadores do mercado de “menino mimado” e “olavete sofisticad­o”, em referência ao grupo radical liderado por Olavo de Carvalho.

tem troco

Maia avisou ao ministro que teria de rebater a fala, por respeito aos pares. Ele lembrou que a Câmara não só colaborou com a reforma, mas também aprovou medida provisória de combate a fraudes no INSS que, segundo o governo, pode representa­r uma economia de até R$ 20 bilhões por ano.

sos

Apesar da dura resposta pública, o democrata atuou nos bastidores para baixar a temperatur­a. Pediu calma a líderes e, aos mais chegados, distribuiu um meme com o desenho de um bombeiro apagando incêndio.

boas intenções

O time de Guedes tentou justificar a fala do ministro dizendo que a expectativ­a era de uma economia maior —R$ 950 bilhões sem aumento de tributos.

vendido

“As pessoas vão pagar pela Nova Previdênci­a e levarão só a velha”, disse um auxiliar de Guedes. A queixa serviria ainda para para tentar evitar uma desidrataç­ão maior na proposta.

pedra fundamenta­l

A irritação do ministro foi atribuída por deputados à derrubada do sistema de capitaliza­ção. A equipe econômica diz que a iniciativa é fundamenta­l para alavancar o emprego já que abre espaço para um regime de contrataçã­o mais flexível.

firme...

Recorte inédito de pesquisa da XP Investimen­tos mostra que as revelações de diálogos controvers­os entre Sergio Moro (Justiça) e o procurador Deltan Dallagnol não derrubaram o apoio da maioria dos eleitores de Jair Bolsonaro à Lava Jato.

...e forte

Entre os entrevista­dos que declaram ter votado no presidente, 63% dizem que a Lava Jato não cometeu excessos; 13% afirmam que cometeu, mas o resultado valeu a pena —mesmo índice dos que reconhecem abuso e cobram a revisão de decisões. 12% não sabem ou não respondera­m.

sinal invertido

Já 52% dos eleitores de Fernando Haddad (PT) veem excessos e dizem que algumas decisões devem ser revistas, enquanto 14% acham que os fins justificam os meios e 26% validam toda a ação da força-tarefa.

meio a meio

Entre os entrevista­dos que disseram ter votado em braco ou nulo ou que não quiseram responder, a maior fatia (33%) reprova atos da Lava Jato, mas a distância entre esses e os que não veem problemas na operação (28%) é bem pequena.

pote até aqui de mágoa

O encontro entre o governador João Doria (SP) e o coronel de quem chamou a atenção em evento na quinta (13) não conseguiu aplacar todo o mal-estar gerado pelo episódio. A bancada da bala, que já votou contra o tucano, diz que o desconfort­o cresceu.

pote até aqui de mágoa 2

Durante discurso, Doria deu uma bronca pública no coronel ao ver que ele manuseava o telefone. Daí a polêmica.

visita à folha

O ex-governador da Paraíba e presidente da Fundação João Mangabeira, Ricardo Coutinho (PSB), visitou a Folha nesta sexta-feira (14) onde foi recebido para um café. Estava acompanhad­o da esposa, Amanda Araújo, e dos assessores de imprensa, Cláudio Camargo e Júlio Moreira.

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