Folha de S.Paulo

Operadora de petroleiro atacado cita ‘objeto voador’ e contraria os EUA

Governo Trump acusa Irã de ter usado minas marítimas para atingir os navios no golfo de Omã

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tóquio, dubai e washington | reu tersOp residente da empres ajapones aKokuk aS angyo, dona deumd os doispet roleiros atingidos no Golfo de Omã, disse nesta sexta-feira (14) que um “objeto voador” foi o responsáve­l por atacara embarcação da companhia.

A declaração de Yutaka Katada contraria ao menos parte das afirmações de autoridade­s americanas, que culpam o Irã pelas explosões ocorridas tanto no navio japonês quanto no petroleiro norueguês Front Altair, na quinta-feira (13). Teerã nega as acusações.

O Pentágono divulgou na noite de quinta um vídeo no qual um suposto bote de patrulha da Guarda Revolucion­ária do Irã se aproxima do petroleiro Kokuka Courageous e recolhe um dispositiv­o apontado como uma mina marítima que não teria explodido.

Força de elite do governo iraniano, a Guarda Revolucion­ária foi classifica­da como organizaçã­o terrorista estrangeir­a pelos EUA em abril.

A embarcação está sendo rebocada para o porto de Kalba, nos Emirados Árabes, coma tripulação que havia deixado o navio devido ao incidente, para uma avaliação dos danos sofridos. O navio está sob escolta da Marinha dos EUA.

O presidente dos EUA, Donald Trump, em entrevista à Fox News, reiterou nesta sexta as acusações contra o Irã e disse que o incidente “tinha a assinatura” de Teerã.

“Eles não querem deixar evidências. Não sabem quetemosco isas que podem detectar na escuridão eque funcionam muito bem. Nós temos isso. Foram eles”, disse o presidente, em referência ao vídeo.

O Reino Unido se somou às acusações, dizendo que nenhum outro país ou ator não estatal poderia ter sido responsáve­l. “Esses últimos ataques mostram um padrão de comportame­nto desestabil­izador iraniano e representa­m um sério perigo à região”, afirmou o secretário de Relações exteriores, Jeremy Hunt.

Autoridade­s americanas já haviam culpado o Irã por ataques similares ocorridos há um mês contra quatro petroleiro­s na mesma área. Assim como agora, o Irã descartou envolvimen­to no episódio.

Teerã disse que o vídeo não prova nada eque foi feito para colocar o país na posição de bode expiatório. “Essas acusações são alarmantes”, afirmou o porta-voz da chancelera­ria, Abbas Mousavi.

“A tripulação nos disse que algo veio voando no navio, e eles encontrara­m um buraco”, afirmou Katada, presidente da companhia japonesa. “Então, alguns tripulante­s testemunha­ram o segundo tiro.”

“Uma bomba colocada na lateral não é algo que estamos pensando. Se for algo entre uma explosão e uma bala, tenho impressão de que foi uma bala. Se fosse uma explosão, teria havido danos em diferentes lugares.” Ele acrescento­u que não houve danos à carga de metanol.

Ainda segundo Katada, a tripulação viu um navio militar iraniano próximo à embarcação na noite de quintafeir­a (no horário do Japão).

O petroleiro foi atacado perto do estreito de Hormuz, um canal estratégic­o pelo qual cerca de 20% do petróleo consumido no mundo é transporta­do. A rota é essencial para produtores do Oriente Médio, como Arábia Saudita, Iraque, Emirados Árabes Unidos e Kuait, além do Irã.

O ministro japonês da Indústria, Hiroshige Seko, disse na sexta-feira que os incidentes serão discutidos em uma reunião com os ministros do Meio Ambiente e Energia do G20 neste fim de semana.

Seko se recusou a comentar as declaraçõe­s de autoridade­s americanas culpando o Irã, dizendo que o Japão ainda investiga o incidente, que ocorreu enquanto o premiê Shinzo Abe estava em Teerã tentando ajudar a aliviar as tensões entre os EUA e o Irã.

Quanto ao outro navio atacado, o norueguês Front Altair, sua tripulação foi resgatada primeiro por um navio mercante, o Hyundai Dubai, e então detida por autoridade­s iranianas. Dentre os tripulante­s, há 11 russos, 11 filipinos e 1 georgiano.

O Irã afirmou que eles estão detidos enquanto inspetores verificam se é seguro voltar para a embarcação.

As trocas de acusações entre EUA e Irã —e seus respectivo­s aliados regionais— aumentaram desde que Trump abandonou o acordo nuclear iraniano, no ano passado, e incremento­u as sanções contra a república islâmica, em abril.

Em várias ocasiões, o Irã afirmou que bloquearia o estreito de Hormuz caso ficasse impedido de exportar petróleo devido às sanções.

Ninguém assumiu a autoria pelos ataques desta quinta. O chanceler iraniano, Javad Zarif, descreveu os incidentes como “suspeitos” e defendeu um diálogo regional.

Ele afirmou ainda que a a acusação dos EUA faz parte de uma “diplomacia da sabotagem”, encabeçada pelo conselheir­o de Segurança Nacional da Casa Branca, John Bolton.

“Que os EUA imediatame­nte tenham feito alegações contra o Irã —sem um fiapo de evidência factual— só deixa abundantem­ente claro que o ‘Time B’ se move para um plano B: a diplomacia de sabotagem”, escreveu Zarif.

O chanceler tem repetido que Bolton (abertament­e favorável a endurecer com Teerã), o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, e o príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, tentam convencer Trump a embarcar num conflito com o Irã.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu uma investigaç­ão independen­te sobre os incidentes.

Questionad­o sobre se os EUA consideram enviar mais tropas à região, o secretário da Defesa, Patrick Shanahan, disse: “Sempre estamos planejando várias contingênc­ias”. Mas afirmou que o foco é criar um consenso internacio­nal.

Temos coisas que podem detectar na escuridão e que funcionam muito bem. Foram eles [os iranianos]

Donald Trump

presidente dos EUA, acusando o Irã do ataque aos petroleiro­s

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Centcom/AFP Imagem do Pentágono que mostra o suposto bote do Irã ao lado do navio japonês

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