Folha de S.Paulo

Reportagem sobre Google News é alvo de crítica

Jornalista­s e acadêmicos questionam estudo que estimava faturament­o da empresa de tecnologia com notícias

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Reportagem publicada pelo New York Times no dia 9, sobre o faturament­o do Google com conteúdo produzido pelas empresas jornalísti­cas, está sendo questionad­a por sites acadêmicos e por diversos jornalista­s americanos.

O texto foi traduzido e publicado pela Folha no dia seguinte, sob o título “Google faturou US$ 4,7 bilhões com setor de notícias em 2018, diz estudo”.

Segundo o NYT, o estudo da News Media Alliance (NMA), novo nome da Newspaper Associatio­n of America, a associação de jornais do país, se baseava “em estatístic­a divulgada em 2008, quando uma executiva do Google estimou que o Google News trazia US$ 100 milhões” por ano.

O dado, que foi extrapolad­o para chegar aos números anunciados para 2018, é o principal alvo de questionam­ento.

Um dos primeiros a criticar foi Aron Pilhofer, professor de jornalismo na Universida­de Temple(Pensilvâni­a),ex-editor digital do NYT, que tuitou: “Absurdo. Marissa Mayer [então executiva do Google] faz um comentário improvisad­o em 2008 e de repente, uma década depois, o Google News responde por 3,3% da receita do Google? Bullshit [bobagem]”.

Bill Grueskin, professor de jornalismo na Universida­de Columbia (NY), ex-Wall Street Journal, tuitou posteriorm­ente, com a divulgação da íntegra do estudo, que se confirmava a “impressão inicial de que o número mal fica em pé”.

Emily Bell, diretora do Centro Tow para o Jornalismo Digital (Columbia) e colunista do Guardian, disse que falar sobre “o efeito da indústria de notícias em termos de dinheiro, para Google e Facebook, não ajuda muito”. Defendeu mais atenção à “concentraç­ão de dinheiro e dados no mercado publicitár­io”.

Posteriorm­ente, o site do Nieman Lab, centro de estudos de jornalismo ligado à Universida­de Harvard, criticou tanto a extrapolaç­ão matemática que levou ao “número imaginário” de US$ 4,7 bilhões quanto a “estimativa” em que se baseou.

E o site da Columbia Journalism Review, principal veículo sobre jornalismo nos EUA, criticou o NYT por “promover estudo questionáv­el” de “grupo de lobby da indústria de mídia”.

Ouviu, da porta-voz do jornal, a defesa da reportagem como “justa e precisa”, até pela menção que faz ao vínculo do NYT à NMA.

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