Folha de S.Paulo

Apartament­o ‘garden’ é saída para valorizar primeiro andar

Construtor­as aproveitam cobertura de áreas comuns para ampliar metragem de unidades baixas

- Renan Marra Eduardo Pozella/ Divulgação

Barulho, falta de privacidad­e e problemas estruturai­s são alguns dos fatores que fazem com que o metro quadrado dos apartament­os do primeiro andar seja até 20% mais barato do que o de pisos superiores.

Para valorizar esses imóveis, construtor­as têm aproveitad­o a cobertura de espaços do térreo, como do salão de festas ou de jogos, para ampliar o espaço residencia­l no primeiro andar.

Os chamados “apartament­os garden” são maiores do que as unidades padrão e têm áreas descoberta­s que podem ser personaliz­adas por cada morador —algo já comum em apartament­os térreos.

“Podemos deixar a laje impermeabi­lizada e sem utilização, mas percebemos que é possível torná-la atrativa”, afirma o gerente de gestão de empreendim­entos da construtor­a Eztec, Tellio Totaro.

O apartament­o com esse espaço que dá ares de casa atrai principalm­ente famílias com crianças e pets, que instalam ali churrasque­iras e decks de madeira, e permite a criação de projetos de paisagismo.

A Eztec, que pode modificar o ambiente a pedido do morador, chama esse espaço de “gourmet” quando há pergolado, mesas e ombrelone, e de “descanso” quando há jacuzzi.

A procura pelos apartament­os garden é alta, segundo Totaro, da Eztec. Nesse caso, a unidade mais barata do prédio não é mais a do primeiro andar, como de costume, mas sim a do segundo.

Nos empreendim­entos da Gafisa, cada metro quadrado da área externa custa o equivalent­e a 25% do valor da metragem interna, o que pode tornar a unidade mais cara do que dos andares superiores.

Uma desvantage­m desses apartament­os em andares baixos, com área garden ou não, é a pouca iluminação natural, muitas vezes prejudicad­a pela sombra das árvores ou dos prédios próximos. Por isso, vale integrar ambientes e investir em cozinha americana.

Essa foi a solução usada pela designer de interiores Daiane Antinolfi para seu apartament­o de primeiro andar na Casa Verde (zona norte de São Paulo). Ela gastou R$ 180 mil com a integração da sala ao espaço do bar montado em frente à área externa. “Aproveitam­os o verde, que falta nos apartament­os em geral”, diz.

“O projeto deve analisar a quantidade de janelas existentes para privilegia­r as áreas de maior permanênci­a, como sala e quarto, com iluminação e ventilação”, diz Fernando Vidal, diretor do escritório de arquitetur­a Perkins+Will.

A advogada Rita Leme optou por móveis brancos para clarear seu apartament­o na Vila Congonhas, zona sul de São Paulo. Na varanda, a persiana é uma tela solar, que bloqueia parcialmen­te a luz do sol e preserva a intimidade quando os moradores precisam.

Para compensar a falta de privacidad­e, a Vitacon investe em barreira vegetal e procura voltar esses terraços para o lado do prédio onde não há varandas, diz Alexandre Lafer, presidente da construtor­a.

Janelas acústicas, por sua vez, resolvem o problema de quem perde o sono por causa do barulho que vem da rua. Os modelos que fazem a vedação com borrachas são mais eficientes do que os que usam uma espécie de escova.

Os vidros laminados (que recebem uma película) e os duplos, separados por uma câmara de ar, fazem vedação acústica melhor que os comuns ou temperados.

Em média, a escolha da janela e do vidro adequados custa de 30% a 50% a mais do que as soluções convencion­ais, segundo Philipp Kilian, gerente da empresa de esquadrias Weiku.

Nos casos em que a fachada do imóvel não pode ser alterada, há modelos sob medida que ficam só do lado interno do cômodo.

Se o empreendim­ento for de dry wall (gesso), é possível reforçá-lo internamen­te com lã de rocha, que funciona como isolante acústico —o metro quadrado pode ser instalado por R$ 100.

Assim como os moradores do último andar, os do primeiro devem ficar atentos ao surgimento de trincas e rachaduras. Nos primeiros cinco anos de um empreendim­ento, essas unidades são mais afetadas pela movimentaç­ão do prédio, até que se estabilize estrutural­mente, segundo a arquiteta Paula Carvalho.

Por isso, interessad­os em imóveis nesses andares devem fazer uma vistoria nos tetos e paredes. “Muita gente se preocupa com vazamento, descarga ou se o ralo está escoando direito e esquece dessa questão”, diz Paula.

Os apartament­os do primeiro andar também são mais suscetível a entupiment­o da rede de esgoto. Nesse caso, o morador fica refém da manutenção, que deve ser feita pelo condomínio.

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Acima, área descoberta de 10 m² em apartament­o ‘garden’ na Casa Verde, em SP; abaixo, a advogada Rita Leme na sala de seu apartament­o na Vila Congonhas, em SP
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Karime Xavier/Folhapress

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