Folha de S.Paulo

Governo tem 23 de 49 votos em comissão da Previdênci­a

Dos parlamenta­res que defendem a proposta, 14 querem alguma mudança; 11 são contra alterações nas regras de aposentado­rias

- Thiago Resende, Angela Boldrini e Fábio Pupo

Levantamen­to da Folha mostra que ao menos 23 dos 49 integrante­s da comissão especial deverão ser favoráveis à proposta, que precisa de maioria simples. Alguns, porém, querem mais mudanças no texto. Na enquete, 11 estão contra o projeto, 4 se dizem indecisos e 11 não respondera­m. O presidente do colegiado quer votar a favor.

Levantamen­to feito pela Folha mostra que, após a divulgação da nova versão da reforma da Previdênci­a, ao menos 23 integrante­s da comissão especial que analisa o texto devem ser favoráveis à proposta. Alguns querem mais mudanças no texto.

O órgão é formado por 49 deputados federais.

O presidente, Marcelo Ramos (PL-AM), tem o direito de escolher se vota ou não. Ele disse que quer opinar e que deve votar a favor do texto, mas aguarda a posição do partido sobre a aposentado­ria de professore­s.

O PL defendia que essa categoria fosse poupada. A nova versão traz alívio para professora­s, mas ainda endurece regras para quem trabalha na rede pública e privada de ensino.

Na enquete, 11 estão contra o projeto e 4, indecisos. Outros 11 não respondera­m ou não foram localizado­s.

O resultado indica que o governo está próximo de mais uma vitória na tramitação de seu principal projeto.

Para passar no colegiado, é necessária a maioria simples (metade dos presentes mais um). Se todos comparecer­em, terão de ser 25 votos a favor.

Apresentad­o na quinta-feira (13), o relatório do deputado Samuel Moreira (PSDBSP) retirou pontos polêmicos.

O texto excluiu a capitaliza­ção do projeto, o que levou a críticas do ministro da Economia, Paulo Guedes, na sextafeira (14). De acordo com ele, os deputados podem abortar essa nova Previdênci­a.

O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), reagiu no mesmo dia e disse que o ministro era injusto e o governo, uma “usina de crises”.

Na comissão especial, parte do grupo favorável à aprovação do texto —14 deputados— quer mais mudanças, mas sem interferir substancia­lmente no conteúdo.

Entre elas, estão alívio nas regras para policiais e a reinclusão de estados e municípios na reforma da Previdênci­a.

Ainda não há data marcada para a análise do relatório.

Do mesmo partido do relator, o deputado Beto Pereira (MS) disse que o novo formato avançou ao retirar o endurecime­nto de regras de aposentado­ria rural e aliviar a idade mínima para professora­s.

Ele, porém, ainda sustenta que policiais do sexo feminino têm de se aposentar antes dos 55 anos. Essa é a idade proposta para homens e mulheres da Polícia Federal e agentes penitenciá­rios.

Ao menos sete membros da comissão especial informaram que querem reincluir estados e municípios na reforma. Por pressão de partidos independen­tes ao governo, o relator poupou servidores estaduais e municipais das novas regras de aposentado­rias.

Porém, deputados, principalm­ente do Sul e Sudeste, defendem que o Congresso também aprove medidas de ajuste fiscal para estados e municípios, o que significa mudanças no parecer de Moreira.

“Essa questão é muito importante. Sem reforma para estados e municípios, a economia não vai reagir como se espera”, afirmou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS).

Marcelo Moraes (PTB-RS) afirma que seu partido entendeu que o documento retirou os pontos mais polêmicos. “Isso tudo estando contemplad­o no relatório, acho difícil o PTB votar contra.”

Alinhado com Guedes, o deputado Alexandre Frota (PSLSP) deve apresentar sugestões para endurecer a proposta.

Segundo Frota, ela ficou “aquém do que a gente esperava”. “Foi uma reforma grande, mas que não satisfaz. O Paulo [Guedes] colocou que deveria ser R$ 1,2 trilhão e sangraram muito.”

Outros partidos que são favoráveis à reforma querem alterações. O Novo não gostou de artigo que aumenta impostos de bancos. “É uma maneira disfarçada de aumentar imposto da população, de arrancar dinheiro do povo”, afirmou Vinicius Poit (SP).

No levantamen­to, 11 deputados afirmaram ser contra a reforma. São parlamenta­res de partidos de oposição ao presidente Jair Bolsonaro.

Apesar de Moreira ter atendido ao pedido deles de poupar trabalhado­res rurais e não mudar regras do BPC (benefício a idosos carentes), esses deputados não votariam a favor do relatório.

Lídice da Mata (PSB-BA) critica ainda as regras do abono salarial. Hoje, o benefício é pago a quem recebe até dois salários mínimos (R$ 1.996).

Na proposta do governo, a renda mensal teria de ser de até um mínimo (R$ 998). No atual texto, o abono passa a ser pago a quem ganha até R$ 1.364,43. “Estão tirando dos mais pobres. Então minha posição é ser contra.”

Quatro deputados se declararam indecisos e querem estudar o relatório. São eles: Heitor Freire (PSL-CE), Alex Manente (Cidadania-SP), Aliel Machado (PSB-PR) e Joenia Wapichana (Rede-RR).

Ao todo, 11 membros não respondera­m ou não foram localizado­s. A maioria deles é de partidos ligados ao tema, como o DEM, sigla de Maia, um dos principais fiadores da reforma; além do deputado Daniel Freitas (PSL-SC), do partido de Bolsonaro.

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Eduardo Knapp/Folhapress Valter Baldo, dono do Zé do Brejo, e o torresmo de rolo
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