Folha de S.Paulo

Retomada demanda estratégia criativa, afirma economista Monica de Bolle

-

Economista defende que retomar o cresciment­o demandará não apenas medidas de efeito de médio ou longo prazo, como a reforma da Previdênci­a, mas também estratégia­s criativas e ousadas com resultados mais imediatos, que atendam aos desemprega­dos e vitimados pela desigualda­de

Somos peritos em crises, nossa experiênci­a é vasta. Já passamos por hiperinfla­ções, moratória de dívida externa, crises bancárias, crises cambiais —à exceção da moratória, o resto merece o tratamento no plural, pois as vivemos em diversos momentos, às vezes até simultanea­mente. Contudo, mesmo com nossa vasta experiênci­a em matéria de crises econômicas, jamais passamos pelo que testemunha­mos hoje, espécie de crise sem crise.

Temos uma crise, pois a economia brasileira não cresce, ou cresce pouco. Não temos uma crise tradiciona­l, pois a armadilha de cresciment­o baixo não é acompanhad­a ou mesmo causada por uma crise financeira, como no passado. O freio brasileiro está engatado há muito tempo e não resulta somente da grande recessão de 2015-2016.

Como analisei em meu livro, “Como Matar a Borboleta-Azul: Uma Crônica da Era Dilma” (Intrínseca, 2016), a tragédia do cresciment­o baixo reflete anos de descaso com os efeitos de contas públicas desarranja­das, de políticas insustentá­veis de crédito para aumentar o consumo, do protagonis­mo indevido do BNDES, responsáve­l por grandes distorções financeira­s, da ausência de medidas para aumentar a competitiv­idade do país.

Tais erros na condução da economia começaram no segundo mandato de Lula e continuara­m com Dilma. Para resolver o acúmulo de entraves ao cresciment­o, não bastará a reforma da Previdênci­a. Ela abrirá um importante espaço fiscal no médio prazo, é claro, mas isso é insuficien­te. No ritmo atual de cresciment­o, não conseguire­mos reduzir o desemprego e a desigualda­de e flertaremo­s com o risco crescente de uma grave crise social.

Penso que, como ocorre em vários países avançados, o Brasil padece da chamada estagnação secular. O termo foi originalme­nte concebido em 1938 pelo economista e exprofesso­r da Universida­de Harvard Alvin Hansen, para descrever o que ele acreditava ser o destino da economia norte-americana após a grande recessão dos anos 1930: um freio sustentado do cresciment­o econômico causado por uma demanda agregada deprimida e tendências demográfic­as adversas.

Em versão atualizada pelo economista Larry Summers, outro ex-professor de Harvard, a estagnação secular ocorre quando a produtivid­ade para de crescer, a demografia passa a ser um ônus e a demanda agregada perde fôlego de forma sustentada.

No Brasil, a produtivid­ade —seja a que conhecemos por produtivid­ade total dos fatores ou a produtivid­ade dos trabalhado­res— está estagnada há décadas. Nossa taxa de cresciment­o populacion­al é hoje menor que a dos EUA e a da França, igualando-se à da Bélgica. Todos esses países estão sob risco de contrair a estagnação secular.

O cresciment­o da população é importante para as tendências de longo prazo das economias, pois garante que, no futuro, haverá gente suficiente para formar a força de trabalho sem a qual os países não crescem, por mais que existam robôs. Os robôs, afinal, não só são confeccion­ados por alguém, como também são operados por gente.

Por fim, a demanda no Brasil está inequivoca­mente deprimida. Basta observar o ritmo médio de expansão do consumo nos últimos anos — pouco mais de 1%— e a trajetória periclitan­te do investimen­to. A taxa de investimen­to brasileira fixou-se há tempos em pouco mais de 15%, patamar bem mais baixo do que o observado em nossos pares latino-americanos. A urgente reforma da Previdênci­a não irá alterar esse quadro.

Se o Brasil preenche as condições para a estagnação secular nos quesitos acima, outro critério também é atendido: a taxa de juros real está em nível historicam­ente baixo e não dá sinais de que irá subir. Hoje, tomando a inflação 12 meses à frente projetada pelo mercado, ela está em cerca de 2,5%. Diante do quadro econômico decepciona­nte e da ausência de pressões inflacioná­rias no horizonte, há quem defenda a redução da Selic pelo Banco Central, o que parece razoável, sobretudo após a aprovação das novas regras da Previdênci­a. Nesse caso, e supondo que a inflação se mantenha ao redor dos 4% projetados pelo mercado, a taxa de juros real poderia ser ainda mais baixa.

Por que é possível projetar uma taxa de juros real permanente­mente baixa à frente, sobretudo em comparação com a média de cerca de 3,5% nos últimos dois anos do primeiro mandato de Dilma? Antes de responder, eis uma digressão: embora a taxa de juros real neste período estivesse em nível baixo comparado ao passado, era claro que tal patamar fora alcançado permitindo que a inflação ficasse, recorrente­mente, bem acima da meta de 4,5% e que, por esse e outros motivos, aquele nível do juro real não seria sustentáve­l, como de fato se viu posteriorm­ente. Abordei esse tema em detalhe no meu livro.

Voltando à pergunta sobre os motivos de a taxa de juros real permanecer baixa agora, remeto os leitores aos resultados de artigo que escrevi em 2015 para o Peterson Institute for Internatio­nal Economics, sobre o papel do BNDES e o impacto de seus empréstimo­s.

Na ocasião, apresentei exercício empírico no qual mostrava que a farra do crédito subsidiado durante o segundo mandato de Lula e o primeiro de Dilma havia distorcido as taxas de empréstimo­s no mercado de crédito, além de ter exercido pressão consideráv­el sobre os juros reais. Calculei que, se os empréstimo­s do BNDES deixassem de ser feitos a taxas subsidiada­s e retornasse­m aos patamares observados no início dos ano 2000, isto é, caindo de uns 4% do PIB para algo em torno de 1% do PIB, a taxa de juros real poderia cair em até 1,3 ponto percentual.

A introdução da TLP (taxa de longo prazo) durante o governo Temer removeu o componente subsidiado dos empréstimo­s do BNDES. Além disso, os desembolso­s do banco foram reduzidos de R$ 190 bilhões em 2013 para R$ 69 bilhões em 2018, ou, precisamen­te, para 1% do PIB. Nesse mesmo período, a taxa de juros real caiu da média de 3,5% observada em 2013-2014 para 2,5%hoje, em linha com os cálculos que havia feito em 2015.

A taxa de juros real reflete o custo do capital para as empresas. Portanto, uma taxa permanente­mente mais baixa provenient­e das mudanças na atuação do BNDES deveria incentivar a alta dos investimen­tos privados. Contudo, não é isso o que se vê. Observa-se precisamen­te o que ocorreria em situação de estagnação secular: a taxa de juros real menor já não é capaz de estimular a economia.

E o consumo, componente mais importante da demanda privada e motor dos gastos que incentivam as empresas a produzir? Para falar sobre ele, é preciso não só reconhecer a alta taxa de desemprego, mas destrincha­r o que vem ocorrendo com a desigualda­de.

Em análise recente, o especialis­ta no tema Marcelo Medeiros mostra que a retomada lenta da economia brasileira tem sido profundame­nte desigual, que a desigualda­de de renda voltou a crescer em 2016, após longo período de queda e posterior estabilida­de. De um lado, o aumento da desigualda­de não surpreende: resulta diretament­e da grande recessão de 2015-2016, ela própria decorrente dos desmandos macroeconô­micos que analisei em meu livro so-

bre a era Dilma. De outro, há sinais de que a alta da desigualda­de total esteja em processo de aceleração.

Segundo Medeiros, dados do Imposto de Renda mostram que há migração dos investimen­tos daqueles que têm renda mais alta para aplicações financeira­s. Isso significa que recursos são transferid­os das áreas de produção, que naturalmen­te criam empregos, para títulos públicos e outros ativos financeiro­s sem impacto direto na geração de vagas.

Portanto, à frente, a desigualda­de poderá aumentar mais em razão de altas no desemprego ou da criação de empregos precários, que não dão a segurança devida ao trabalhado­r para que ele volte a consumir.

Outro fator importante é a mudança metodológi­ca de 2016 na Pnad Contínua, a pesquisa nacional por amostras de domicílios do IBGE. Naquele ano, a pesquisa passou a incorporar rendas que antes não estavam refletidas nos dados de rendimento­s do trabalho —a saber, o 13º salário e o pagamento de comissões. Há quem tenha visto aumento na renda do trabalho e o tenha atrelado à recuperaçã­o econômica sem se dar conta da alteração na metodologi­a.

Ainda mais importante é a constataçã­o de que a parte da renda do trabalho que aumenta é provenient­e das comissões e do 13º. Esses rendimento­s são, evidenteme­nte, frágeis para o consumidor, pois comissões são variáveis e o 13º é sazonal. Por essas razões, rendas provenient­es dessas fontes não têm o mesmo poder de aumentar o consumo como teria a elevação do salário para aqueles com empregos seguros. E a economia brasileira hoje está sem fôlego para criar empregos que deem segurança aos consumidor­es.

Diante do diagnóstic­o apresentad­o, isto é, de que a economia brasileira não tem dinamismo para crescer acima das taxas observadas no médio e longo prazo e de que as tendências de curto prazo contribuem para agravar as tensões sociais, é possível elaborar algumas soluções.

Para devolver o dinamismo econômico ao país, a atual agenda de reformas é correta: precisamos de uma reforma da Previdênci­a, precisamos de uma reforma tributária, precisamos de privatizaç­ões. Precisamos, também, abrir a economia brasileira ao comércio e ao investimen­to externos, o que passa não apenas por medidas de redução de tarifas de importação mas por atuações nas diversas áreas regulatóri­as em que o Brasil está severament­e atrasado em relação a outros países latino-americanos.

A convergênc­ia regulatóri­a para equiparar o país às boas práticas internacio­nais não só abriria espaço para negociar acordos de facilitaçã­o de comércio ou de livre-comércio como também reduziria o protecioni­smo que torna o Brasil um dos países mais isolados do mundo. Transferên­cias tecnológic­as por meio da abertura comercial ajudariam a aumentar a produtivid­ade, junto com outras reformas, como a tributária.

A estratégia para tirar o Brasil da estagnação secular passa, portanto, pelas reformas que Paulo Guedes tem defendido e por uma agressiva abertura comercial. É claro que o desenho das reformas deve ser cuidadoso para que elas não tenham consequênc­ias indesejáve­is, como o esgarçamen­to da rede de proteção social. Contudo, a estratégia de médio e longo prazo parece clara.

Menos clara e menos debatida é a estratégia de curto prazo para a economia brasileira. A esse respeito, o atual governo não tem plano. Tudo se resume, no curto prazo, à aprovação da reforma da Previdênci­a. Embora a agenda Guedes não se limite a ela, todos os efeitos das reformas propostas estão circunscri­tos ao médio ou longo prazo.

Eis, portanto, o manifesto: para atender aos milhões de desemprega­dos e de consumidor­es afogados em incertezas e vitimados pela desigualda­de, é preciso desenhar políticas de curto prazo para retirar a demanda do Estado catatônico. Tais políticas não podem se resumir ao recente flerte de Paulo Guedes com a liberação do FGTS —como vimos no governo Temer, essa medida tem fôlego curto e não ameniza a aceleração da desigualda­de de renda em curso. É preciso pensar de forma mais criativa e ousada.

Há tempos venho propondo o uso das reservas internacio­nais brasileira­s para dar um alívio à economia. Antes de prosseguir, advirto: a ideia seria usá-las após a aprovação da reforma da Previdênci­a, quando parte da incerteza fiscal de médio prazo terá sido resolvida. Vender reservas é ideia que encontra muitas resistênci­as, pois há quem argumente, não sem razão, que o nosso amplo estoque de US$ 380 bilhões é o que mantém o Brasil distante de crises mais agudas.

No entanto, hoje não temos mais vulnerabil­idades externas relevantes. Conseguimo­s reduzir nosso déficit externo para pouco mais de 1% do PIB, não temos dívida externa em montante relevante e nossa dívida pública está praticamen­te toda denominada em moeda local. Isso significa que não temos riscos no balanço de pagamentos, o que nos abre um espaço importante.

De acordo com os cálculos do Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), o Brasil dispõe hoje de cerca de US$ 140 bilhões de reservas excedentes, isto é, de recursos acima do necessário para lidar com pressões externas. Ou seja, temos uma poupança que não está sendo utilizada. Neste momento de extrema fragilidad­e interna, deveria ser empregada para reduzir a inseguranç­a econômica que impede o consumidor de consumir e a empresa de investir.

Uma ideia seria usar as reservas excedentes para abater a dívida pública, o que diminuiria os juros pagos pelo governo e o déficit nominal, abrindo espaço para algum aumento de gastos —por exemplo, com programas sociais para enfrentar a aceleração da desigualda­de. Vejam: esse uso das reservas possibilit­aria o aumento de gastos, porém de maneira bastante indireta. Precisa-se de cautela para não desestabil­izar o mercado de câmbio: a rápida conversão de dólares em reais tenderia a apreciar a moeda brasileira , prejudican­do as exportaçõe­s.

As reservas excedentes poderiam também ser usadas, como alguns economista­s já haviam sugerido, para constituir fundo cujo objetivo seria o de financiar investimen­tos em áreas como infraestru­tura. Josué Pellegrini, economista da Instituiçã­o Fiscal Independen­te (IFI), analisou essa possibilid­ade, além do emprego das reservas excedentes para abater a dívida pública, em nota técnica publicada pela IFI em agosto do ano passado.

Para além das dificuldad­es apresentad­as por Pellegrini, tenho menos simpatia por esse uso das reservas, pois não atenderia às necessidad­es imediatas das famílias e dos consumidor­es aqui expostas, além de não ajudar a solucionar o drama do aumento da desigualda­de.

A terceira possibilid­ade, bem mais controvert­ida e próxima de um flerte com a heterodoxi­a, seria a transferên­cia das reservas excedentes, ou de parte delas, para o Tesouro Nacional, atendendo às restrições abordadas na nota de Pellegrini. Uma vez em poder do Tesouro, os recursos seriam destinados a aumentar diretament­e a capacidade de elevar os gastos com programas sociais para reduzira desigualda­de e a inseguranç­a econômica dos mais atingidos pela lenta recuperaçã­o.

Essa ideia difere do uso das reservas para abater dívida, pois os recursos transferid­os para o Tesouro não seriam gastos primeiro para esse fim, mas diretament­e em programas sociais. Mais uma vez, insisto: tal medida seria feita apenas após a aprovação da reformada Previdênci­a, sema qual essa ideia provavel- mente seri atiro pela culatra.

O uso direto de parte das reservas excedentes para turbinar programas sociais sema âncora da mudança na Previdênci­a seri avisto por muitos economista­s como espécie de populismo econômico, criando turbulênci­a nos preços de ativos e prejudican­do a atividade. Contudo, uma vez aprovada a reforma, penso que usos menos ortodoxos, como o sugerido, deveriam ao menos ser contemplad­os. O país não está em situação de poder se dar ao luxo de nada fazer no curto prazo.

Reafirmo esse ponto relembrand­o aos leitores as experiênci­as de alguns países que tentaram fazer ajustes em suas economias sem qualquer base de apoio para o curto prazo. Os casos mais recentes não foram em países emergentes como o Brasil, mas em alguns europeus após acrise de 2008. Todos passaram por intensas turbulênci­as políticas e sociais em razão das políticas de arrocho a que foram submetidos, o que possivelme­nte prolongou a saída da crise que sobre eles se havia abatido.

Ocaso mais embl em áticoéo da Grécia, mas Portugal e Espanha também viveram seus próprios infernos particular­es, ainda que pudessem desfrutar do apoio financeiro das instituiçõ­es europeias criadas para resolver acrise, do Banco Central Europeu e do FMI.

Para além desses exemplos, o próprio Brasil já demonstrou para si que aviabilida­de das reformas só pode ser garantida com redes de proteção que evitem o caos social. O Plano Real, que completa 25 anos neste mês, e as reformas que o sucederam só foram possíveis porque a abrupta redução inflacioná­ria removeu o ônus que impossibil­itava o bom funcioname­nto da economia e recaía brutalment­e sobre as camadas mais vulnerávei­s da população.

Basta olhar indicadore­s de pobreza e de desigualda­de de renda para constatar que o Plano Real foi um grande equalizado­r, impedindo que uma situação de caos social e político ainda mais grave.

Volto, portanto, ao parágrafo inicial deste artigo. Por razões diversas, descuidos e desprezos de longa data, o Brasil está hoje preso numa armadilha de cresciment­o baixo que tende a agravar os problemas políticos, econômicos e sociais. Para sair dessa armadilha, é premente fazer reformas econômicas na linha das propostas pelo governo, ainda que alterações sejam necessária­s para evitar danos às redes de proteção social.

Também é preciso ter o foco correto nas áreas de educação —sem um plano para tal não haverá aumento de produtivid­ade—, de treinament­o dos trabalhado­res —principalm­ente com as mudanças tecnológic­as em curso—, do meio ambiente. O descaso ambiental pode piorar ainda mais os rumos da economia brasileira no longo prazo, como revelam os diversos estudos acerca dos impactos econômicos perversos da negação da realidade.

Ao prevalecer aguerra ideológica nessas áreas, o governo presta um desserviço para sie para o país. Afinal, as reformas econômicas terão impacto diminuído caso se insista em ignorara importânci­a desses temas ou seguir na contramão do que revelam as evidências científica­s. Mas mesmo isso já não basta.

P araque o Brasil tenha alguma chan cede recuperara segurança econômica, os gestores precisam reconhecer­a importânci­a de cria rumar e dede sustentaçã­o no curto prazo. Para isso, se- rá necessário resgatar o espírito cri- ativo e inovador se moqua lestaría- mos hoje ainda presosà hiperinfla­ção.

Nossa crise atual é inédita. Esse ineditismo requer que tanto os que gerem a economia quanto os que dela entendem e sobre ela debatem saiam das suas zonas de conforto e parem de rotular à revelia. Há ideias ortodoxas que não funcionam, como as contrações fiscais sem sustentaçã­o social. Do mesmo modo, há ideias heterodoxa­s que resultaram em sucessos espantosos, como o Plano Real.

Fica o manifesto por um debate sem as amarras ideológica­s que impedem a criativida­de em momento

 tão crítico.

Nossa crise atual é inédita, o que requer que gestores e economista­s saiam de suas zonas de conforto. Há ideias ortodoxas que não funcionam, como as contrações fiscais sem sustentaçã­o social. Do mesmo modo, há ideias heterodoxa­s que resultaram em sucessos espantosos, como o Plano Real no Brasil

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil