PAINEL DO LEITOR
Mensagens vazadas
A revelação pelo site Intercept da nítida afronta ao devido processo legal, com o desrespeito aos princípios constitucionais da ampla defesa e do contraditório, fez com que me viessem à memória os famosos processos de Moscou, em plena era stalinista, nos quais os julgamentos, que terminaram em grandes expurgos, eram apenas encenações, visto que os réus já estavam condenados desde o início dos processos. Farsas que abriram caminho para o exercício de poder autocrático completo (“Moro admite descuido em mensagem com pista contra Lula à Lava Jato”, Poder, 15/6). Fernanda Freire dos Santos
(São Paulo, SP)
Quem com vazamentos fere com vazamentos será ferido. Armando Moura (São Paulo, SP )
O artigo “Contra os missionários da destruição” (Poder, 14/6), de Reinaldo Azevedo, citando o trabalho fundamental de Walfrido Warde Jr., é da maior importância para se compreender que, para superar o capitalismo destrutivo, é indispensável estabelecer o princípio de que nenhum empresário é dono da empresa, mas simples dirigente, assim como nenhum chefe de Executivo é dono do Estado.
Fábio Konder Comparato (São Paulo, SP)
O colunista fez severas críticas à Lava Jato. Entre elas, uma contundente: a de que provocou a derrocada de empresas, resultando em mais de 300 mil demissões. Mas os responsáveis são os próprios empresários, que criaram um modelo de sucesso baseado na corrupção. Com as fisco-empresas, que só subsistem com vantagens fiscais, elas não têm como sobreviver em um país decente —e está na hora do Brasil sê-lo. Empresas crescem e desaparecem, fruto de decisões tomadas. É da natureza do capitalismo.
Thomas Hahn (Cotia, SP)
Minhocão
Durante os últimos anos houve intenso debate, com ampla participação social, o que deu legitimidade ao processo democrático. A judicialização do urbanismo evidenciada pela ação do Ministério Público, cuja liminar foi concedida pelo Tribunal de Justiça a respeito da constitucionalidade da lei que oficializa o já criado espontaneamente parque Minhocão, não só fragiliza a cidade como a imobiliza, além de vulnerabilizar o processo democrático (“Liminar suspender criação do parque Minhocão”, Cotidiano, 14/6). Felipe Rodrigues, membro da Associação Parque Minhocão (São Paulo, SP)
Geração de empregos
Feldmann se baseia em duas premissas, uma certa e outra errada (“Emprego não cai do céu”, de Paulo Feldmann, Tendências / Debates, 14/6). A certa é que o investimento em infraestrutura é o caminho mais eficiente para geração de empregos e aumento da competitividade. A errada é que o investimento deva ser feito com empresas estrangeiras. Temos empresas nacionais de porte médio capazes de executar com qualidade as obras, desde que melhoremos as formas de financiamento. E que evitemos a contratação de megaprojetos, que possam ser subdivididos em projetos de médio porte.
Carlos Eduardo Lima Jorge, presidente da Associação das Empresas de Infraestrutura (São Paulo, SP)
Vladimir Safatle
Depois de dez anos nos ajudando a abrir portas, para com a força do pensamento crítico iluminar e oxigenar ambientes tóxicos, Vladimir Safatle, ao nos deixar, nos brinda com a lição deixada por Adorno sobre a delicadeza da arte de bem fechar portas (“O último artigo”, de Vladimir Safatle, Ilustrada, 14/6). Menos mal que tenhamos aprendido com ele a abri-las.
Antonio Carlos Sant’Anna Jr. , professor da FAU-Mackenzie e da FAU-USP (São Paulo,SP)
Clóvis Rossi
Trata-se de uma perda irreparável para a imprensa brasileira. Neste instante, em que o país passa por momentos tão conturbados, a palavra equilibrada de Clóvis Rossi era sempre uma referência, exemplo de compromisso com a verdade e de profissionalismo.
Tasso Jereissati, senador (PSDB-CE)
Clóvis Rossi foi um desses jornalistas-ponte. Fez uma ponte entre o Brasil e a América Latina. Destaco seu estilo, o classicismo, a ideia de fazer um jornalismo explicativo, que analisa e contextualiza. É preciso lembrar que foi o primeiro brasileiro a ganhar o prêmio da Fundación Nuevo Periodismo, criada por García Márquez.
Jaime Abello Banfi, jornalista colombiano, fundador da FNPI (Fundación Nuevo Periodismo Iberoamericano)
Com a sua morte, morreu também um pouco de uma geração que exercia o jornalismo com nobreza, ética, paixão e profundo respeito pela notícia e pelos seus leitores. O jornalismo não tem como repor a perda irreparável de um dos talentos mais exuberantes do nosso tempo.
Domingos Meirelles, presidente da Associação Brasileira de Imprensa
Clóvis Rossi sempre será um divisor de águas no jornalismo brasileiro em razão de sua capacidade técnica e analítica da informação, fruto do aprofundado estudo que fazia sobre cada tema a ser abordado. Os jornalistas de São Paulo estão profundamente consternados pela irreparável perda de um de seus mais importantes e emblemáticos profissionais da comunicação social do Brasil.
Sérgio de Azevedo Redó, presidente da Associação Paulista de Imprensa
Clóvis Rossi foi um exemplo de coerência democrática para a minha geração de jornalistas.
André Singer, professor de ciência política da USP
Justo nestes tempos difíceis, diante de tantas incertezas no mundo político, quando necessitamos de um jornalismo dotado de análises críticas e objetivas, sem qualquer viés ideológico, perdemos o brilhante Clóvis Rossi.
Ivan Chaves de Sousa (Ribeirão Preto, SP)
Sempre tive Clóvis Rossi como um grande profissional e um referencial ético, não só na imprensa mas na minha vida. Desde seus primeiros escritos que tive oportunidade de ler nesta Folha até o último, quando justificou sua ausência, houve a sobriedade, o estilo inconfundível com uma verve irônica, mas sem deixar de ser direto e profundo. José Clóvis de Medeiros Lima
(São Paulo, SP)
Credibilidade. Liberdade. Originalidade. Verdade. Independência. Seriedade. O nome de Clóvis Rossi era um acrônimo. Sua partida é uma enorme perda para o jornalismo. Deixa como exemplo o rigor na apuração dos fatos.
Luiz Roberto da Costa Jr. (Campinas, SP)
Rossi se juntou a Cony, e a resenha lá no céu ficou imbatível. Difícil preencher esses espaços. Arlindo Carneiro Neto (São Paulo, SP)