Italiano também teve trajetória prolífica na direção de óperas
Não seria exagero dizer que o legado do diretor florentino Franco Zeffirelli na ópera é tão importante quanto no cinema. Ele não apenas atuou prolificamente em grandes casas de ópera, como suas produções imprimiram uma marca de luxo que serviu, para os admiradores, de paradigma de excelência —e, para os detratores, sinal de um “kitsch” que precisava ser superado, mas jamais poderia ser ignorado.
Assinou 21 produções de 20 títulos diferentes no Scala, de Milão —desde “A Italiana em Argel”, de Rossini, em 1953, até “Aida”, de Verdi, em 2006, produção que ainda está em cartaz na casa, bem como sua “La Bohème”, de Puccini, de 1963. No teatro lombardo, Zeffirelli se tornou parceiro da diva Maria Callas, da qual foi amigo, e a quem dirigiu em diversas produções – como uma icônica “Tosca”, em Londres, em 1964.
No Metropolitan, de Nova York, não seria exagero dizer que suas escolhas ajudaram a definir a identidade visual da casa na segunda metade do século 20. Ele estreou no Met em 1964, com “Falstaff”, de Verdi, e sua produção seguinte foi nada menos que a inauguração do novo prédio, no Lincoln Center —“Antony and Cleopatra”, do norte-americano Samuel Barber, em 1966.
Suas montagens de duas óperas de Puccini, “La Bohème” (com 486 apresentações, a mais encenada da casa) e “Turandot”, seguem no repertório do teatro nova-iorquino. Outras oito foram gravadas em vídeo, e, circulando em diversos formatos, deram difusão internacional ao seu estilo.
Aficionados de ópera mais tradicionais veneram em Zeffirelli o apelo quase literal ao libreto (sem jamais deslocar a trama da época ou local em que foi ambientada), bem como o desejo de produzir efeito emocional no espectador. Esse normalmente era obtido com o recurso a cenários e figurinos luxuriantes —via de regra, desenhados pelo próprio.
Fãs da saga “O Poderoso Chefão 3”, de Francis Ford Coppola, conheceram esse traço de Zeffirelli: é dele a direção da montagem de “Cavalleria Rusticana”, de Mascagni, que tem um papel crucial no desfecho da trama.