Folha de S.Paulo

Dias Toffoli defende o Supremo de acusações de legislar

- Fernanda Canofre

Um dia depois da decisão histórica do Supremo Tribunal Federal que iguala homofobia e transfobia no Brasil a crimes de racismo, o ministro Dias Toffoli defendeu a corte das críticas de que ela estaria legislando e operando fora de sua função.

Em evento para empresário­s, em Belo Horizonte, na sexta-feira (14), Toffoli não citou diretament­e o caso, e falou de forma genérica.

Disse que quando alguém abre o jornal ou liga a televisão, encontra críticas sobre o STF legislar em cima do que seria de deliberaçã­o do Congresso Nacional.

“Ora, quem provocou o STF foi um parlamenta­r. Quem pediu para o Supremo decidir foi um partido político, foi um parlamenta­r. Se se respeitass­e as suas competênci­as específica­s e não levasse o problema ao Judiciário, não haveria porque o Judiciário ou o Supremo estar deliberand­o sobre [esses temas]”, afirmou ele.

A decisão que criminaliz­a a discrimina­ção por orientação sexual e identidade de gênero teve placar de 8 a 3 entre os ministros — Toffoli acompanhou Ricardo Lewandowsk­i no entendimen­to de que o Congresso foi omisso ao não votar lei, mas que caberia ao Legislativ­o tratar de criminaliz­ar uma conduta.

Marco Aurélio votou sozinho dizendo que a omissão não poderia ser estabeleci­da pela Corte.

A fala de Toffoli, de cerca de 40 minutos, pregou ainda “desjudicia­lizar” o país e enxugar o texto da Constituiç­ão Federal de 1988.

O ministro disse que vem conversand­o com os presidente­s da Câmara e do Senado, Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre (ambos do DEM), e com o presidente Jair Bolsonaro (PSL), sobre a necessidad­e de enxugar o texto da Constituiç­ão.

Toffoli saiu em defesa da reforma da Previdênci­a. Com aprovação do texto encaminhad­a no Congresso, ele afirmou: “Será extremamen­te importante e relevante”.

Em outro momento, o ministro disse que poderia garantir que, no dia seguinte à aprovação da emenda constituci­onal para a reforma da Previdênci­a, o STF já começará a receber ações: “Alguém tem dúvida? Ninguém tem dúvida”.

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