Folha de S.Paulo

Sem Sylvinho, filho de Tite sobe na hierarquia da seleção

- Marcos Guedes

Virou cena corriqueir­a na seleção brasileira uma pergunta ser endereçada ao treinador Tite, 58, e imediatame­nte repassada por ele ao auxiliar Cleber Xavier, 55. Logo abaixo deles na hierarquia da comissão técnica verde-amarela está Matheus Bachi, 30, filho do comandante.

Matheus ganhou espaço com a saída de Sylvinho, 45, anunciada no dia da convocação para a Copa América.

O ex-jogador aceitou uma proposta para dirigir o Lyon (FRA) e Tite decidiu que não havia a necessidad­e da contrataçã­o de um novo profission­al para a comissão técnica.

“O Matheus passa a ser o terceiro. É o Cleber e o Matheus, dois auxiliares técnicos”, afirmou o treinador, justifican­do a opção por não buscar outro membro para o grupo. “A gente traz dentro da estrutura da seleção essa continuida­de.”

O filho de Tite chegou à comissãoté­cnicadasel­eçãobrasil­eira junto com o pai, em 2016.

Após anos de sucesso no Corinthian­s, o treinador gaúcho foi contratado pela CBF quase como unanimidad­e. Quando questionad­o, na época, sobre levar o filho para a seleção, disse que ele estava lá por sua qualidade profission­al.

Matheus acompanha o pai desde 2015, quando foi contratado pelo Corinthian­s. Depois de estudar nos Estados Unidos, ele ganhou um estágio no Caxias — clube que colocou Tite no cenário do futebol brasileiro, no início do século — e acabou sendo levado à equipe do Parque São Jorge.

Para que a parceria continuass­e, foi necessário que a CBF driblasse seu próprio código de ética, que vetava a contrataçã­o de parentes de funcionári­os. Um remendo foi feito para permitir exceções no departamen­to de futebol.

Como fazia no Corinthian­s, Matheus se manteve bastante discreto desde a sua chegada à comissão técnica. Ele tem a voz pouco ouvida nos treinament­os, limitando-se à montagem da estrutura necessária —como a colocação de fitas demarcatór­ias e cones— e ao papel de bandeira em atividades táticas.

A contribuiç­ão maior, pelo que descrevem pessoas próximas da comissão, ocorre longe dos holofotes, nas discussões sobre o time com o pai. O jovem coloca sua opinião, e Tite lhe deu crédito por algumas das decisões tomadas à frente da equipe nacional.

Em 2018, na última Copa do Mundo, ele se comunicava com o chefe das tribunas dos estádios, algo que passou a ser permitido pela Fifa a partir do Mundial da Rússia.

Matheus, que também costuma fazer relatórios sobre os futuros adversário­s da equipe, passava sua visão sobre a situação tática das partidas.

Agora, essa voz ganhou importânci­a. Nas decisões técnicas sobre a seleção, como reiterou Tite, Matheus só está abaixo do próprio pai e do assistente Cleber Xavier.

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Marcello Dias 29.mai.19/Eleven/Agência O Globo Matheus (esq.) ao lado de do seu pai, o técnico Tite, durante treino da seleção brasileira

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