Folha de S.Paulo

Sucesso na TV, Copa feminina não consegue encher estádios

Evento de futebol na França teve jogos com metade da taxa de ocupação

- Lucas Neves

A Fifa e o Comitê Organizado­r Local da Copa não se cansam de disparar informes sobre o sucesso da Copa do Mundo feminina realizada na França. Os relatórios exaltam recordes de público nos estádios e audiências televisiva­s inéditas mundo afora —inclusive no Brasil.

Mas a bilheteria consolidad­a dos 12 jogos da primeira rodada da competição, disputada de sexta-feira (7) a terça-feira (11), desenha um cenário menos eufórico. O torneio é, sim, bem-sucedido, mas há praças com nível de ocupação de arenas apenas razoável.

Segundo dados divulgados pela Fifa, as oito arenas usadas nos cinco primeiros dias da competição acolheram, em média, 63,5% de sua capacidade. Entre as quatro em que houve mais de uma partida, existe bastante discrepânc­ia.

O Parc des Princes, em Paris, vendeu 77% de seus ingressos para dois duelos —mas a cifra é distorcida pela multidão (45 mil pessoas) que assistiu ali à vitória da equipe nacional sobre a Coreia do Sul, na abertura do Mundial.

Já a dobradinha de embates em Rennes (Alemanha x China e Chile x Suécia) transcorre­u diante de um Roazhon Park vazio pela metade (média de ocupação de 54,5%).

No Havre (noroeste francês), a taxa de ocupação foi ainda inferior, estacionan­do em 47,3%. O estádio Oceano, que acomoda até 25 mil torcedores, recebeu os confrontos Espanha x África do Sul e Nova Zelândia x Holanda (esta, atual campeã europeia).

A título de comparação, as 12 arenas utilizadas na última Copa do Mundo masculina, em 2018, na Rússia, tiveram média de público de 98% de sua lotação máxima, de acordo com relatório da Fifa.

O Mundial feminino é disputado desde 1991 e está na sua oitava edição. Já o masculino —evento mais lucrativo para a Fifa— teve sua primeira edição em 1930. Na Copa de 2018, a federação internacio­nal de futebol lucrou cerca de R$ 13 bilhões com o torneio.

Na terça-feira (11), a federação internacio­nal anunciou que 1 milhão de entradas para a Copa feminina já haviam sido vendidas —restavam àquela altura 300 mil.

Catorze dos 52 jogos tinham bilhetes esgotados, incluindo o último do Brasil na fase de grupos, contra a Itália, na próxima terça-feira (18).

Os franceses, é claro, lideram o ranking de ingressos por nacionalid­ade (76%), mas há muito interesse também da parte dos torcedores norte-americanos (15%).

A seleção dos Estados Unidos, tricampeã mundial e primeira no ranking da Fifa, é a grande favorita, o que a goleada por 13 a 0 sobre a Tailândia, a maior da história das Copas, só fez confirmar.

Na TV, o torneio tem registrado bons números. Mais de 10 milhões de pessoas viram na televisão da França as duas primeiras partidas da seleção nacional, marca inédita para as transmissõ­es de partidas de futebol feminino.

Na Inglaterra, a vitória das “Lionesses” (leoas, apelido da equipe feminina inglesa) sobre a Escócia, no domingo (9), atingiu pico de mais de 6 milhões de espectador­es e share de 38% entre os televisore­s ligados naquele momento, patamar até então desconheci­do pela equipe do país.

Já no Brasil, informou a Fifa, 19,7 milhões de pessoas assistiram aos três gols de Cristiane contra a Jamaica, também no domingo passado. A audiência soma os índices da TV Globo e do SporTV, detentores oficiais dos direitos de transmissã­o no país. A Band também transmite o torneio.

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Gonzalo Fuentes/Reuters Arquibanca­da vazia em jogo do Chile e da Suécia, em Rennes, na França, pela Copa do Mundo feminina

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