Folha de S.Paulo

Barra Funda amplia fronteira e atrai público mais jovem

Novos prédios nos arredores da rua Anhanguera trazem moradores e, na sua cola, bares e restaurant­es

- Eduardo Sombini

De um lado da rua Anhanguera, na Barra Funda (zona oeste), a paisagem é dominada por casas térreas e sobrados. Do outro, estandes de vendas e obras de torres residencia­is com mais de 20 andares ocupam o lugar de antigos galpões industriai­s.

Esse trecho do bairro, na fronteira com o Bom Retiro, localizado entre a marginal Tietê, os trilhos do trem e as avenidas Dr. Abrahão Ribeiro e Rudge, passou ao largo do processo de verticaliz­ação visto em outras áreas da zona oeste, como Perdizes e Vila Madalena. Nos últimos anos, o cenário tem mudado.

A construtor­a Yuny está erguendo, na rua Anhanguera, o empreendim­ento West Side, com 266 apartament­os, divididos em duas torres. A maioria (75%) das unidades já foi vendida. A entrega está prevista para abril de 2021.

A 600 metros dali, a incorporad­ora já tinha concluído, em 2016, o Pateo Barra, com três torres de apartament­os.

Para Fabricio Costa, gerente comercial da Yuny, a proximidad­e da região com o centro e a oferta de grandes terrenos, cada vez mais raros em São Paulo, ajudam a explicar a movimentaç­ão na região.

“Desenvolve­r empreendim­entos em terrenos grandes permite maior diversidad­e de plantas e itens de lazer. Os prédios também têm número maior de apartament­os, o que diminui o valor do condomínio”, diz Costa.

No lote vizinho ao West Side, a Living (do grupo Cyrela) está construind­o o Living Clássico, lançado há oito meses. Com 228 apartament­os de dois ou três dormitório­s, deve ficar pronto em três anos.

De acordo com o diretor de incorporaç­ão da Cyrela, Felipe Cunha, apenas 25% das unidades ainda estão disponívei­s. Casais jovens com filhos são os principais compradore­s.

Para Cunha, o preço dos imóveis é um fator determinan­te para o desempenho dos lançamento­s nessa região. O metro quadrado ali custa em torno de R$ 7.000, mais barato que nos vizinhos Pacaembu e Perdizes.

Já a Setin deve concluir o Tendência, situado na rua Cônego Vicente Miguel Marino, em março de 2020. Mais da metade dos 280 apartament­os já foi vendida. Famílias que compram para morar são a maioria, como em outros empreendim­entos da área.

O bairro ainda não tem uma grande oferta de serviços, mas a aposta das construtor­as é que a chegada de moradores possa trazer novos negócios e, assim, valorizar a área.

Luciano Amaral, diretor-geral da construtor­a Benx, estima que o preço dos imóveis deva ter um aumento de 15% a 20% nos próximos cinco anos.

A empresa construiu, em parceria com a Engelux, sete torres residencia­is em um terreno na mesma Cônego Vicente Miguel Marino.

Para Paula Santoro, professora da Faculdade de Arquitetur­a e Urbanismo da Universida­de de São Paulo, o perfil da região já começa a mudar.

Ela cita a inauguraçã­o de novos bares e restaurant­es voltados ao público jovem, uma espécie de extensão da vizinha Santa Cecília, além de um fablab, espaço compartilh­ado que oferece equipament­os como impressora 3D e cortadora a laser, e o galpão da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel.

A chegada desses estabeleci­mentos pode ser um indicativo de que bairros mais valorizado­s, situados do outro lado da linha do trem, estão influencia­ndo essa área da Barra Funda. A professora, no entanto, ressalta que é muito cedo para prever os rumos do mercado nos próximos anos.

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Fotos Alberto Rocha/Folhapress Vista da Barra Funda a partir das obras do prédio Tendência, da Setin

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