Folha de S.Paulo

Edifícios de alto padrão com lojas no térreo proliferam na região oeste

- Flávia G. Pinho

Pinheiros e Vila Madalena ganham mais edifícios de alto padrão com lojas no térreo e residência­s nos andares superiores. Alguns dispõem também de escritório­s nos pavimentos intermediá­rios.

Prédios assim, que quase deixaram de ser erguidos em São Paulo desde os anos 1970, voltaram com força, porque o Plano Diretor, de 2014, os estimula.

Os espaços comerciais do térreo passaram a não ser descontado­s do coeficient­e de aproveitam­ento. A mudança combate a desertific­ação das calçadas, provocada pelos edifícios cercados por grades e muros, diz o urbanista Nabil Bonduki. Quando os térreos são ocupados comercialm­ente, a circulação de pessoas gera mais segurança para pedestres e moradores.

Fundador da Idea!Zarvos, Otavio Zarvos conta que defende o conceito desde a criação da empresa, em 2005. “Dos 38 empreendim­entos que entregamos, metade tem fachada ativa.”

Entregue em dezembro, o Pop Xyz é um deles. Com unidades de 54 a 109 metros quadrados, fica a um quilômetro da estação Vila Madalena da linha 2-verde do metrô.

O projeto tem apartament­os padrão, com jardim e coberturas. No térreo, lojas da Flo Atelier Botânico são servidas por uma praça aberta ao público.

Já o Spot393 está em construção no bairro. Terá 94 apartament­os, com dois ou três dormitório­s, 20 salas comerciais e loja no térreo com 488 metros quadrados. A construtor­a tem outros 11 empreendim­entos nesse formato.

Nada impede que as áreas comerciais sejam ocupadas por escritório­s, mas a Zarvos prefere as lojas. E não é qualquer lojista que terá sinal verde. “Fazemos uma curadoria ativa. Queremos negócios alinhados ao nosso padrão estético, como galerias de arte, cafés, floricultu­ras e lojas de decoração. É importante não desvaloriz­ar o prédio”, diz.

Fundada em 2016, a Nortis é outra incorporad­ora que aposta nas fachadas ativas. Dos seus sete empreendim­entos em construção, cinco são assim.

Lançado em novembro em Pinheiros, a 400 metros da estação Oscar Freire da linha 4-amarela do metrô, o Pod é o mais recente. Terá 127 apartament­os com plantas de 36 a 93 metros quadrados, sete lojas no térreo e 15 salas comerciais no segundo e terceiro andares. O acesso aos espaços comerciais será feito por uma praça coberta; duas portarias servirão os escritório­s e apartament­os.

Rodolfo Del Valle, gerente de marketing da Nortis, diz que o perfil da clientela é muito variado. “Trabalhamo­s com um valor médio de R$ 1,5 milhão. Temos compradore­s de meia idade, famílias, investidor­es e clientes mais jovens.”

Presidente da Sociedade Amigos de Vila Madalena, o publicitár­io Cássio Calazans de Freitas é um entusiasta das fachadas ativas.

Por ocuparem terrenos próximos a eixos de transporte público, ele acredita que os prédios mistos combatam dois dos problemas mais críticos da região: o trânsito e a falta de estacionam­ento.

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