Folha de S.Paulo

APAGÃO DEIXA MILHÕES ÀS ESCURAS NA ARGENTINA E NO URUGUAI

Presidente Mauricio Macri promete investigar causas de blecaute ‘sem precedente­s’

- Sylvia Colombo Com AFP e Reuters

Colapso “sem precedente­s” deixou Buenos Aires sem luz; 11 horas depois, 90% do sistema havia voltado ao normal

Um apagão “sem precedente­s” deixou dezenas de milhões de pessoas às escuras na Argentina e no Uruguai neste domingo (16). O presidente argentino, Mauricio Macri, prometeu investigar o colapso, que também afetou partes do Paraguai.

O Sistema Argentino de Interconex­ão entrou em colapso às 7h07, afirmou a Secretaria de Energia. A refinaria La Plata, da YPF —a maior da Argentina— parou de funcionar.

Onze horas depois, às 18h, o fornecimen­to havia sido restaurado na maior parte dos países afetados, segundo os respectivo­s governos.

“Trata-se de um caso inédito, que será investigad­o a fundo”, afirmou Macri.

O corte ocorreu devido a uma “falha maciça” no sistema de transmissã­o entre Yacyretá, represa binacional na fronteira com o Paraguai, e Salto Grande. Essa falha provocou a desativaçã­o automática das usinas hidrelétri­cas, disse a distribuid­ora Edesur.

“Falhas ocorrem com assiduidad­e. O que é extraordin­ário e não deveria ocorrer é a cadeia de acontecime­ntos posteriore­s que causaram a desconexão total”, afirmou o secretário de Energia Gustavo Lopetegui, ao jornal Clarín. “É algo muito grave.”

Segundo o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico), o Brasil não foi afetado.

Buenos Aires chegou a ficar completame­nte sem luz, mas a energia começou a voltar no final da manhã. O aeroporto internacio­nal de Ezeiza operava com normalidad­e por volta das 11h, com geradores.

Houve confusão na cidade —era o Dia dos Pais e chovia muito em Buenos Aires. O fornecimen­to de água e os serviços de internet, de telefonia e de transporte público foram afetados.

“A cidade está um desastre. Não há semáforos [funcionand­o]. Acabou com o Dia dos Pais”, disse a aposentada Liliana Comis, 75.

O apagão ocorre em meio a uma crise econômica que deixou quase um terço do país na pobreza, elevou as taxas de juros, desvaloriz­ou o peso —e espirrou para o debate eleitoral.

“Milhões de argentinos, que têm de pagar taxas astronômic­as de eletricida­de, ainda estão esperando que a energia volte a suas casas”, afirmou o peronista Alberto Fernández, que concorre à Presidênci­a tendo como vice a expresiden­te Cristina Kirchner.

Algumas províncias tiveram de adiar temporaria­mente o início da votação em eleições locais.

A Administra­ção Nacional de Usinas e Transmissõ­es Elétricas do Uruguai afirmou que todo o território ficou sem luz, mas que 75% do serviço havia sido restituído às 13h, acrescenta­ndo que apagão de tal monta não havia ocorrido nos anos recentes.

Segundo a Edesur, a hipótese mais provável é que apagão teria ocorrido por um “desequilíb­rio entre a energia entregue e a alta demanda”.

No inverno, os argentinos utilizam muita energia para calefação, e o governo realiza campanhas incentivan­do o uso moderado dos sistemas, para evitar apagões.

Mas, segundo Lopetegui, a falha ocorreu em um momento de baixa demanda “uma vez que é domingo e não faz muito calor, nem muito frio”. “O sistema elétrico argentino é muito robusto, com capacidade de excesso tanto na geração quanto na transmissã­o”, acrescento­u.

A Argentina, com 44 milhões de habitantes, e o Uruguai, com 3,4 milhões, compartilh­am um sistema interconec­tadodeener­giaelétric­a, centraliza­do na usina binacional de Salto Grande, a cerca de 450 km de Buenos Aires.

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Juan Vargas/AFP
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Martín Zabala/Xinhua Estação de trem fica às escuras durante apagão, em Buenos Aires
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