Executivo deu início a encolhimento do banco e foi alvo de críticas de funcionários
Joaquim Levy deu início à reestruturação do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) desde que assumiu a instituição, em janeiro.
Contra o que chamam de “antipatriótica desconstrução”, funcionários do banco irão realizar uma manifestação na quarta-feira (19). São esperados ao menos cinco ex-presidentes da instituição.
Na terça (11), o banco havia anunciado a aprovação da reformulação de áreas-chave.
Levy, então presidente da instituição, esperava facilitar a atuação do banco em áreas de infraestrutura de governos federal, estaduais e municipais e proporcionar mais agilidade ao financiar pequenas e médias empresas.
A reformulação almejava a venda de ativos.
Em comunicado, Levy também informara a criação de uma nova diretoria para buscar simplificar processos na gestão da carteira de participação do sistema BNDES.
A área ainda seria responsável por fomentar o mercado de capitais no país.
Marcos Barbosa Pinto, contra quem o presidente Jair Bolsonaro fez críticas no sábado (15), ocuparia a partir desta segunda-feira (17) a Diretoria de Mercado de Capitais. Sua posse foi na quarta (12). Ele pediu demissão.
O departamento industrial do banco também foi afetado e passou a ser dividido em duas áreas. Já o de comércio exterior foi reduzido.
O ato de quarta já estava marcado desde quinta (13) pela associação de funcionários (AFBNDES), em repúdio à proposta de acabar com repasses do PIS/Pasep para o BNDES.
A medida está no relatório da reforma da Previdência apresentado à comissão especial da Câmara.
Segundo o economista Arthur Koblitz, vice-presidente da associação, o que mais preocupa a entidade são os dois fatores que teriam levado à demissão de Levy.
Um deles foi a não abertura da chamada “caixa-preta” do banco, com investigações de supostas propinas pagas a funcionários para que se concedesse empréstimos a empreiteiras no governo do PT.
O segundo é a resistência de Levy em devolver o dinheiro injetado pela União no BNDES no passado.
“Nunca lutamos para o Levy cair ou ficar, mas na nossa visão ele agiu corretamente nesses dois casos, ao não endossar o discurso da caixa-preta e ao não devolver os recursos”, afirmou Koblitz.