Folha de S.Paulo

Bicicletas abandonada­s em prédios de SP são resgatadas por ONG

- Elaine Granconato

Muitos condomínio­s residencia­is têm dezenas de bicicletas acumuladas penduradas, empoeirada­s e com peças quebradas, abandonada­s nas garagens.

O Instituto Aromeiazer­o, organizaçã­o paulistana fundada há nove anos, dá soluções para acabar com o “cemitério de bikes” nos prédios. A entidade vai até o local e pega e recupera as bicicletas, adultas e infantis, para voltarem às ruas.

A cara nova das magrelas é dada por alunos em situação de vulnerabil­idade social, como desemprega­dos ou de baixa renda, inscritos em curso que mescla mecânica e geração de renda.

Antes de ir buscar as bicicletas descartada­s, é feita uma ação de conscienti­zação dos síndicos e moradores sobre a importânci­a de dar um destino a algo que poderia ser jogado fora ou estava sem uso.

O trabalho é desenvolvi­do pela equipe da ONG, que tem à frente o publicitár­io Murilo Casagrande Modolo, 37.

Pedagoga que abandonou a carreira para cuidar dos trigêmeos, hoje com 14 anos, a síndica Simone Alonso Kishiue, 47, colocou ordem nos dois bicicletár­ios do condomínio onde mora na Lapa (zona oeste de São Paulo).

“Estavam lotados. As bicicletas não eram catalogada­s nem tinham identifica­ção, todas empoeirada­s. Depois de 40 dias de prazo, os donos de oito delas não apareceram e doamos para a Aromeiazer­o”, diz.

Desde 2011 a ONG já recebeu mais de mil bicicletas. Outras 3.721 foram consertada­s em aulas do curso de mecânica e nas oficinas comunitári­as, oferecidas principalm­ente na periferia.

Desde 2016 o projeto Viver de Bike, um dos braços da Aromeiazer­o, possibilit­a que jovens e adultos da periferia possam sonhar com uma realidade diferente.

Além da mecânica, os alunos têm 30 horas de aula de economia corporativ­a e de empreended­orismo.

A psicóloga Terezinha Falcão Barreto, 32, da Vila Sônia (zona sul), diz que seu objetivo é aprender a parte mecânica mesmo. “Quero ter autonomia para, por exemplo, trocar um pneu”, diz.

Nascida em Nápoles, na Itália, Viola Sellerino, 35, foi aluna na sexta turma do curso, em 2018. Hoje é professora do projeto. Há seis anos, ganhou uma bicicleta, toda destruída. Em uma oficina comunitári­a gratuita, teve as primeiras noções de mecânica e se apaixonou. Conseguiu revitaliza­r sua Monark Canyon, anos 1990.

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Ronny Santos/Folhapress Viola Sellerino, professora do curso

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