Folha de S.Paulo

Por mercado do Oriente, Ambev prepara abertura de capital em Hong Kong

- Tatiana Vaz

Prestes a completar 15 anos como a maior cervejaria do planeta, a belga-brasileira AnheuserBu­sch Inbev está longe de saciar sua sede de conquista —muito pelo contrário.

A empresa que vende uma a cada quatro cervejas consumidas no mundo quer protagoniz­ar no mercado este ano o maior IPO (sigla em inglês para abertura de capital), com a venda de uma fatia minoritári­a de seus negócios na Ásia.

A expectativ­a é levantar US$ 9,8 bilhões em Hong Kong para expandir marcas na própria região.

Os principais focos são Japão e China, dois dos poucos países onde as 500 marcas da empresa não estão entre as mais vendidas. A estratégia de conquista asiática inclui replicar a adotada para a expansão na América Latina, comandada pela Ambev.

A companhia no Brasil, fusão entre Brahma e Antarctica que completa 20 anos neste mês, é desde sua criação uma máquina de comprar concorrent­es. A empresa tem hoje mais de cem cervejas em seu portfólio, boa parte delas de rivais como as artesanais Wälls e Colorado.

A controlada brasileira da AB Inbev fechou 2018 com um lucro de R$ 11 bilhões e 66,3% do mercado brasileiro, fatia que já foi estimada em mais de 80% antes da chegada da concorrent­e Heineken.

No portfólio, há produtos sem álcool, como Guaraná Antarctica e Pepsi.

A gestão agressiva de funcionári­os, com metas ambiciosas atreladas à remuneraçã­o, é outro traço da Ambev que deve ser exportado.

Aliada à avaliação financeira minuciosa de cada negócio comprado, a caracterís­tica permeia toda a história do lendário trio de empresário­s Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira.

Os três eram sócios do Banco Garantia, nos anos 1980, quando compraram a Brahma. Anos depois, comandaram a fusão com a Antarctica, dando origem à Ambev.

Em 2004, a empresa se uniu à belga Interbrew e, em 2008, foi a vez da compra da maior rival, a Budweiser, por US$ 52 bilhões.

Foi criada assim a Anheuser-Busch Inbev, hoje um conglomera­do de 175 mil funcionári­os e cerca de US$ 175 bilhões em valor de mercado.

Em 2016, a companhia comprou a maior rival, a anglo-sul-africana SABMiller, por US$ 104 bilhões.

As dívidas da transação somam-se a quedas das vendas nos EUA e Canadá, atribuídas a mudanças de comportame­nto dos consumidor­es.

No Brasil e outros países latinos, o mercado estagnou com a economia. A queda do valor de mercado da Ambev foi de R$ 340,7 bilhões para R$ 241,8 bilhões em 2018 — mais justificat­ivas para desbravar o Oriente.

 ?? Evelson de Freitas 30.mar.2000/ Folhapress ?? Victorio de Marchi e Marcel Telles, presidente­s da Ambev, comemoram aprovação do Cade, após fusão
Evelson de Freitas 30.mar.2000/ Folhapress Victorio de Marchi e Marcel Telles, presidente­s da Ambev, comemoram aprovação do Cade, após fusão

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