A saudade e o povão
Botafogo e Santos despertam nostalgia. Corinthians e Flamengo, preocupação
Se a rara leitora é daquelas que acordam cedo mesmo no domingo, tudo bem até às 11h tem tempo.
Se o raro leitor é mais dorminhoco, se apresse.
Está para começar Botafogo x Santos no estádio Nilton Santos, o clássico número 110 entre os dois, 42 a 37 (30 empates) para o time peixeiro, que tem vantagem também nos confrontos pelo Campeonato Brasileiro, 22 a 20 e 20 empates.
Basta citar Botafogo para virem à lembrança Mané Garrincha e Didi, Amarildo e Quarentinha, Jairzinho e Gérson, Nilton Santos e Zagallo, tantos craques.
Basta citar Santos para aparecerem Pelé e Coutinho, Zito e Jair, Pagão e Pepe, Gylmar e Carlos Alberto, mais tantos.
Quando Botafogo e Santos surgem juntos, daí não há como esquecer daqueles jogos dos anos 1960.
Foram 18 e, ao contrário do que diz a lenda, com supremacia carioca, por 9 a 5.
Acontece que as vitórias santistas eram acachapantes, em regra no Maracanã, como os célebres 5 a 0, pela Taça do Brasil, e o 4 a 0, quatro meses depois, pela Libertadores, ambas em 1963.
Santos e Botafogo fizeram jogos tão malucos e inesquecíveis que na primeira vez em que se enfrentaram, em 1918, os paulistas venceram por 8 a 2, em amistoso na Vila Belmiro.
A resposta veio em 1935, ano do primeiro título estadual santista, quando o Botafogo fez 9 a 2, noutro amistoso, mas no nostálgico estádio de General Severiano.
Vice-líder e sete pontos à frente do organizado time botafoguense, mesmo fora de casa o Santos é favorito, até porque sem precisar poupar ninguém, ao contrário do rival que terá o Galo pela frente na quarta-feira (24), pela Copa Sul-Americana.
Além do mais, o poder ofensivo do time de Jorge Sampaoli supera, e muito, o de Eduardo Barroca, belo desafio ao jovem treinador carioca, 37 anos.
Quem também jogará pelo torneio continental, mas na quinta (25), é o Corinthians, contra os peregrinos de Montevidéu, o Montevideo Wanderers, em São Paulo.
O Flamengo tem missão bem pior: o Emelec, no Equador, e pela Libertadores.
O time alvinegro em busca de recuperar a confiança da Fiel e o rubro-negro traumatizado pela precoce eliminação na Copa do Brasil.
O equilíbrio histórico do Jogo do Povo chama a atenção: 54 vitórias cariocas, 53 paulistas e 29 empates.
Pelo Brasileiro, 24 a 24 e 17 empates.
Em Itaquera, em quatro jogos, 2 a 1 para o Corinthians, mas, nos últimos dez jogos, 5 a 2 para o Fla.
Os dados do “Almanaque do Timão”, de Celso Unzelte, não deixam dúvidas sobre a dificuldade em apontar favorito, embora o Mengão esteja em terceiro lugar e o Timão em oitavo, com um jogo a menos e cinco pontos atrás.
Acontece que os visitantes não terão o uruguaio De Arrascaeta e Bruno Henrique é dúvida.
Para o Corinthians trata-se de jogo preocupante e a chance de Fábio Carille superar o português Jorge Jesus.
Só que nova decepção para o Flamengo não apenas poderá resultar em aumentar a diferença na ponta da tabela como soará como forte abalo para enfrentar os equatorianos.
Em condições normais, inexistentes no momento, o favoritismo seria todo flamenguista.
O Corinthians não luta pelo título nacional e deve concentrar seus esforços na SulAmericana, única chance de conquistar mais um título na temporada.
O Flamengo corre o risco de se complicar no Brasileiro e viajar sangrando para Guayaquil, onde a vida será difícil.
O domingo (21) promete.