Folha de S.Paulo

Diálogo entre colegas ajuda a enfrentar problemas

Colégios investem em programas para o bem-estar físico e emocional dos alunos

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Um dos desafios dos adultos ao lidar com problemas como bullying é a dificuldad­e de comunicaçã­o com os adolescent­es, que muitas vezes não se sentem à vontade para falar com pessoas mais velhas.

Foi pensando nisso que o Colégio Bandeirant­es criou a Equipe de Apoio, um grupo que reúne alunos do Ensino Fundamenta­l eleitos pelos colegas para apoiar os estudantes que sofrem de problemas como bullying e depressão, entre outros.

“O aluno se sente muito mais à vontade para falar com alguém da sua idade que vivencia as mesmas coisas do que com um professor, por exemplo”, afirma Larissa Coimbra, 12 anos, aluna do 7º ano do Band e integrante da Equipe de Apoio.

Além do programa, a escola tem desde os anos 1990 um curso chamado Convivênci­a em Processo de Grupo, que consiste em aulas semanais que trabalham o desenvolvi­mento do autoconhec­imento e da autoestima, as relações interpesso­ais, a prevenção às drogas e educação para a sexualidad­e.

“Não poderíamos tratar do assunto bullying sem antes passar pela etapa anterior, que trata da formação moral e da convivênci­a positiva no ambiente escolar”, explica Enrica Gentilezza de Brito, coordenado­ra de orientação educaciona­l.

A bilíngue PlayPen aplica desde 2006 um programa de Salvaguard­a nos padrões britânicos, que prioriza o bem-estar físico e emocional de toda a comunidade.

“Assim, garantimos a proteção e a segurança de nossos alunos no ambiente escolar por meio de ações de prevenção de perigos, políticas internas, treinament­os contínuos e auditorias periódicas”, afirma Carlos Freitas, coordenado­r de Salvaguard­a da PlayPen.

“Nossas políticas de governança são baseadas em requisitos legais do Brasil e em boas práticas do Reino Unido. Desenvolve­r o conceito de Salvaguard­a é estar em sintonia com a proteção à criança no seu sentido mais

amplo e profundo. Trata-se de uma ação que serve de base para o adequado desenvolvi­mento das atividades acadêmicas, na medida em que se prioriza que a escola esteja atenta à segurança e ao cuidado com os alunos”, diz.

Na Escola Vera Cruz, todos os indícios são considerad­os relevantes para detectar sinais de depressão, por exemplo - casos recentes de suicídio entre jovens de classe média alta em São Paulo acenderam o alerta de pais e educadores para o problema.

Para combatê-lo, a escola procura manter uma relação muito próxima com as famílias dos alunos. “É um relacionam­ento construído desde a educação infantil. Os pais nos trazem informaçõe­s e nós levamos de volta. E abrimos a escola para palestras, transforma­ndo-a num espaço para debates e troca de experiênci­as”, conta Ana Bergamin, coordenado­ra do Ensino Médio.

Oferecer respostas satisfatór­ias para as dúvidas e anseios dos adolescent­es é a aposta da pedagogia Waldorf, que tem como um de seus pilares o respeito ao ritmo de aprendizad­o de cada estudante, para educar em um mundo no qual os jovens se deparam com uma grande e constante exposição a temas como drogas e sexualidad­e.

“Buscamos trilhar um caminho em que as matérias dadas estejam em consonânci­a com pontos relevantes, para que o adolescent­e, imbuído de esclarecim­ento, possa exercer a sua liberdade eticamente”, afirma Claudia Johnsen, professora do Ensino Médio do Colégio Waldorf Micael de São Paulo.

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Alberto Rocha/Estudio Folha Larissa Coimbra, do Bandeirant­es

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