Folha de S.Paulo

País se alinha a EUA, diz Bolsonaro sobre navios

Petrobras não abastece embarcaçõe­s em Paranaguá (PR) em cumpriment­o a política americana de sanções

- Gustavo Uribe

A Petrobras não forneceu combustíve­l para navios do Irã no porto de Paranaguá. “Estamos alinhados à política deles [EUA]”, disse o presidente.

brasília e são paulo O presidente Jair Bolsonaro disse neste domingo (21) que o Brasil está alinhado à política dos EUA de sanção econômica contra o Irã, ao comentar o caso de navios iranianos atracados no porto de Paranaguá (PR) por falta de combustíve­l para seguir viagem.

“Sabe que nós estamos alinhados à política deles. Então, fazemos o que tem de fazer”, disse o presidente —que afirmou, no entanto, não ter conversado com os EUA sobre sanções impostas ao Irã.

“Existe esse problema, os EUA, de forma unilateral, têm embargos levantados contra o Irã. As empresas brasileira­s foram avisadas por nós desse problema e estão correndo risco nesse sentido”, havia dito Bolsonaro na sexta. “Eu, particular­mente, estou me aproximand­o cada vez mais do [presidente dos EUA, Donald] Trump.”

Os EUA ampliaram suas sanções contra o Irã neste ano, visando atingir o setor petrolífer­o do país. Na sexta (19), a Petrobras confirmou que não forneceu combustíve­l para navios iranianos carregados com milho no porto, por temer represália­s ao violar as regras americanas.

A procurador­a-geral da República, Raquel Dodge, opinou pela suspensão da decisão liminar que obrigaria a Petrobras a fornecer combustíve­l a outro navio, com carregamen­to de ureia, conforme manifestaç­ão enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF), instância na qual o caso deve ser decidido.

Para a PGR, a Eleva Química, responsáve­l pelas cargas, “não provou ter direito subjetivo de comprar o combustíve­l da Petrobras”, destacando a existência de alternativ­as para adquirir o produto de outros fornecedor­es.

No domingo, a Eleva reafirmou em nota que os navios “têm carga exclusivam­ente de milho e, como prevê a própria legislação norte-americana, alimentos e remédios não podem sofrer sanções, pois são ‘exceção humanitári­a’”.

“Além disso, o fornecimen­to de combustíve­l seria para uma empresa brasileira de exportação que não está sujeita a qualquer sanção dos EUA.”

Os iranianos são os maiores importador­es de milho do Brasil e também estão entre os principais compradore­s de soja e carne bovina.

Embora alimentos não sejam o foco das sanções dos EUA, o caso levanta preocupaçõ­es sobre as exportaçõe­s do agronegóci­o ao país persa.

O navio Bavand já carregou cerca de 50 mil toneladas de milho, em maio, no porto de Imbituba (SC), enquanto o Termeh deveria chegar em meados de julho ao local para carregar 66 mil toneladas do cereal, segundo informaçõe­s de agentes do setor portuário.

Um outro navio iraniano, o Daryabar, carregou milho em Imbituba em junho e partiu, segundo documento de agência marítima que aponta também que outra embarcação do Irã sancionada, a Ganj, deve carregar o produto em agosto.

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Heuler Andrey - 19.jul.19/Reuters O navio iraniano Bavand está ancorado no porto de Paranaguá (PR)

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