Folha de S.Paulo

Santos cresce com treino, protestos só atrapalham

- Paulo Vinícius Coelho pranchetad­opvc@gmail.com

Todo o respeito a quem jogou futebol profission­almente e entende reações de torcedores em aeroportos: não pode. Se qualquer cidadão entrar num saguão de aeroporto xingando outra pessoa, a polícia vai intervir. Por que nunca intervém quando quem xinga é suposto torcedor? Desordem em local público não se justifica por paixão. Há milhões de apaixonado­s por clubes de futebol que lamentam derrotas e as entendem como parte do jogo.

Dos três candidatos ao título brasileiro, quem teve mais paz e mais treinos foi quem somou mais pontos: o Santos. Houve protestos do lado de fora da Vila Belmiro antes da vitória no clássico contra o Corinthian­s, em junho, em função da eliminação na Copa do Brasil três dias antes. Nada ostensivo, como a manifestaç­ão do Flamengo, no aeroporto do Rio de Janeiro, nem como ameia dúzia presente ao hotel do Palmeiras, em Fortaleza, antes da derrota para o Ceará.

Quem mais faz questão de nos lembrar que, no futebol, se ganha e se perde,éo Santos. Não há razão para espanto pelas eliminaçõe­s de Flamengo e Palmeiras da Copa do Brasil, nem para, pela primeira vez, o campeão brasileiro ter sofrido duas derrotas consecutiv­as desde que Felipão voltou ao clube, em julho do ano passado.

O Palmeiras segue líder do Brasileiro, mas nãoéo melhor ti meda história do clube e não tem jogadores de seleção brasileira. Os bicampeões brasileiro­s de 1972/1973, com Ademir da Guia à frente, também passaram três jogos sem vencer. Os bicampeões de 1993 e 1994, também. Metáfora da vida, o futebol ensina a ganhar e a perder. Não dá para entender quem passou pelo campo, ganhou e perdeu, julgar protestos em locais públicos como comportame­nto normal de torcida. Não é.

O Santos reagiu com bom futebol depois da eliminação da Copa do Brasil, ganhou do Corinthian­s em junho e emendou a quinta vitória consecutiv­a pelo Brasileiro, contra o Botafogo, no domingo (21), no Rio de Janeiro. O que dá força a times campeões é treino, não gritos e agressões verbais.

É indiscutív­el que Sampaoli treina bem suas equipes, desde a Universida­d de Chile e apesar do fracasso com a Argentina na Copa. A variedade tática é uma de suas armas. Contra o Botafogo, na vitória que fez o Santos alcançar o Palmeiras em pontos, embora ainda não em saldo de gols, Lucas Veríssimo jogou como lateral direito.

Alguém simplifica­rá e dirá que é terceiro zagueiro. Quando Erik saía da ponta para se infiltrar como atacante, Lucas Veríssimo o acompanhav­a como beque. Em outros momentos, Lucas Veríssimo abria como lateral para marcar Erik na ponta e Jorge fazia a lateral esquerda. Quando decide jogar nesse sistema tático híbrido, Sampaoli coloca Victor Ferraz ou Carlos Sánchez no banco de reservas. Funciona.

É claro que Felipão merece ser cobrado por perder cinco pontos de vantagem em duas rodadas, com um time que não ganha há três partidas e fez quase dois terços de suas finalizaçõ­es de fora da área nesse período. O Palmeiras é forte quando chuta em gol. Nesta década, o campeão brasileiro é quem finaliza mais e melhor. O Santos é o recordista do Brasil neste quesito.

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