Santos cresce com treino, protestos só atrapalham
Todo o respeito a quem jogou futebol profissionalmente e entende reações de torcedores em aeroportos: não pode. Se qualquer cidadão entrar num saguão de aeroporto xingando outra pessoa, a polícia vai intervir. Por que nunca intervém quando quem xinga é suposto torcedor? Desordem em local público não se justifica por paixão. Há milhões de apaixonados por clubes de futebol que lamentam derrotas e as entendem como parte do jogo.
Dos três candidatos ao título brasileiro, quem teve mais paz e mais treinos foi quem somou mais pontos: o Santos. Houve protestos do lado de fora da Vila Belmiro antes da vitória no clássico contra o Corinthians, em junho, em função da eliminação na Copa do Brasil três dias antes. Nada ostensivo, como a manifestação do Flamengo, no aeroporto do Rio de Janeiro, nem como ameia dúzia presente ao hotel do Palmeiras, em Fortaleza, antes da derrota para o Ceará.
Quem mais faz questão de nos lembrar que, no futebol, se ganha e se perde,éo Santos. Não há razão para espanto pelas eliminações de Flamengo e Palmeiras da Copa do Brasil, nem para, pela primeira vez, o campeão brasileiro ter sofrido duas derrotas consecutivas desde que Felipão voltou ao clube, em julho do ano passado.
O Palmeiras segue líder do Brasileiro, mas nãoéo melhor ti meda história do clube e não tem jogadores de seleção brasileira. Os bicampeões brasileiros de 1972/1973, com Ademir da Guia à frente, também passaram três jogos sem vencer. Os bicampeões de 1993 e 1994, também. Metáfora da vida, o futebol ensina a ganhar e a perder. Não dá para entender quem passou pelo campo, ganhou e perdeu, julgar protestos em locais públicos como comportamento normal de torcida. Não é.
O Santos reagiu com bom futebol depois da eliminação da Copa do Brasil, ganhou do Corinthians em junho e emendou a quinta vitória consecutiva pelo Brasileiro, contra o Botafogo, no domingo (21), no Rio de Janeiro. O que dá força a times campeões é treino, não gritos e agressões verbais.
É indiscutível que Sampaoli treina bem suas equipes, desde a Universidad de Chile e apesar do fracasso com a Argentina na Copa. A variedade tática é uma de suas armas. Contra o Botafogo, na vitória que fez o Santos alcançar o Palmeiras em pontos, embora ainda não em saldo de gols, Lucas Veríssimo jogou como lateral direito.
Alguém simplificará e dirá que é terceiro zagueiro. Quando Erik saía da ponta para se infiltrar como atacante, Lucas Veríssimo o acompanhava como beque. Em outros momentos, Lucas Veríssimo abria como lateral para marcar Erik na ponta e Jorge fazia a lateral esquerda. Quando decide jogar nesse sistema tático híbrido, Sampaoli coloca Victor Ferraz ou Carlos Sánchez no banco de reservas. Funciona.
É claro que Felipão merece ser cobrado por perder cinco pontos de vantagem em duas rodadas, com um time que não ganha há três partidas e fez quase dois terços de suas finalizações de fora da área nesse período. O Palmeiras é forte quando chuta em gol. Nesta década, o campeão brasileiro é quem finaliza mais e melhor. O Santos é o recordista do Brasil neste quesito.