Folha de S.Paulo

Timão mereceu mais

O empate não fez justiça ao melhor desempenho dos alvinegros

- Juca Kfouri Jornalista e autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Enfim, uma boa exibição do Corinthian­s no Campeonato Brasileiro, apesar do empate em 1 a 1 com o Flamengo ter sido frustrante, ainda mais porque decretado pelo VAR seis minutos depois do tento legal de Gabigol.

Se o primeiro tempo foi bem disputado, mas de poucas emoções, o segundo teve outra pegada, com os anfitriões fazendo valer o mando de campo e acuando os visitantes não só até fazer 1 a 0, com Clayson cobrando pênalti, mas, sobretudo, porque seguiram em busca de ampliar o resultado, diferentem­ente do que costumam fazer.

Se há um consolo para o empate no fim do Clássico do Povo este está exatamente na postura corintiana, à altura do estádio tomado por quase 35 mil torcedores.

Ao enfrentar um time como o do Flamengo, individual­mente superior e com mais poder de decisão, o que se viu foi um Corinthian­s valente, agressivo, o tempo todo em busca da vitória, sem se intimidar em nenhum momento diante do potencial de fogo do rival.

É claro que o corintiano saiu frustrado de Itaquera e o flamenguis­ta voltou feliz para o Rio.

A diferença está em que o Fiel tem motivos para voltar a acreditar em seu time, sentimento que faz tempo andava distante dos corações alvinegros.

Dá para acreditar, ao menos, em lutar por uma vaga no quarteto do topo da tabela.

Santos em alta

A vitória do Santos contra o Botafogo por 1 a 0 aconteceu como a coluna esperava.

Porque enquanto Jorge Sampaoli quis ganhar, Eduardo Barroca só não quis perder.

Mesmo durante os 20 minutos em que o time carioca teve um jogador a mais em campo não soube explorar a vantagem.

Quando os dois times ficaram com dez jogadores, o paulista, além de fazer um golaço com Marinho, ainda teve pelo menos mais três chances claras para ampliar.

O Santos chegou ao mesmo número de pontos do Palmeiras e tem uma semana inteira de descanso e treinos para pegar o lanterna Avaí na Vila Belmiro, enquanto o líder por saldo de gols terá dias duros pela frente até receber o Vasco.

A dúvida está em saber o que pesará mais até o fim do Campeonato Brasileiro: o elenco mais curto ou o calendário mais folgado para os santistas?

Palmeiras em queda

Que a parada fez mal ao time de Felipão está óbvio.

Em busca de não deixar a peteca cair depois da eliminação da Copa do Brasil, o treinador surpreende­u ao escalar os titulares na inesperada derrota para o Ceará.

Se fosse pouco, o susto no voo para Mendoza abala os nervos palmeirens­es já à flor da pele como ficou demonstrad­o em Fortaleza.

Se a intenção alviverde foi a de desmentir os que considerav­am o título brasileiro como favas contadas, como este apressado colunista, o objetivo está alcançado.

Embora o Palmeiras siga como maior favorito.

Aliás, santistas e flamenguis­tas devem torcer para o Palmeiras seguir vivo na Libertador­es.

E o São Paulo?

Qualquer resultado diferente da vitória contra a Chapecoens­e, no Morumbi, será inaceitáve­l.

O São Paulo entrou naquele modo antipático de ter a obrigação de vencer adversário­s menos qualificad­os.

Em casa, principalm­ente, mas fora também.

Pobre em Paris

Como os pobres de Paris, Neymar, ao desconhece­r onde enfia seu nariz, mendiga saída à francesa do PSG, aparenteme­nte sem contar com a boa vontade de seu empregador.

Da recepção triunfal pela Torre Eiffel tricolor ao afogamento no rio Sena, nosso Peter Pan talvez se dê conta que papai não sabe tudo.

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