Folha de S.Paulo

Pelas redes

Sobre usos do WhatsApp, em pesquisa do Datafolha.

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Pesquisa Datafolha realizada neste mês de julho mostra que 72% dos brasileiro­s adultos possuem conta em ao menos uma rede ou aplicativo social. O mais difundido, previsivel­mente, é o WhatsApp (69%), seguido de Facebook (59%), Instagram (41%) e Twitter (16%).

Úteis para reunir grupos de amigos, parentes ou colegas de trabalho, os instrument­os também servem à nefasta polarizaçã­o política de nossos dias —que potenciali­zam. Na recente eleição que levou Jair Bolsonaro ao Planalto, o WhatsApp esteve na berlinda.

Como mostraram reportagen­s desta Folha, empresário­s bancaram disparos em massa por esse aplicativo para favorecer o candidato do PSL. Sabe-se que campanhas rivais igualmente recorreram a expediente­s pouco louváveis para bombardear os eleitores.

Questionad­os pelo Datafolha sobre seus hábitos no mundo virtual, os entrevista­dos dizem que preferem discutir temas relacionad­os à família —mas o debate em torno da política não fica muito atrás.

Os usuários do WhatsApp apontam (em resposta espontânea e múltipla) como assuntos mais relevantes: a família (39%), o trabalho (31%), a política (30%), os amigos (15%), o futebol (14%), a escola (13%) e a religião (12%).

Sinal da valorizaçã­o do meio digital pela candidatur­a de Bolsonaro, 50% dos entrevista­dos que discutem política no WhatsApp citam o PSL como partido de preferênci­a.

A influência desses instrument­os na definição de tendências eleitorais, obtida muitas vezes por atalhos invasivos, tem resultado em crescentes pressões da sociedade para que as empresas do setor assumam suas responsabi­lidades.

Nessa direção, o WhatsApp decidiu em janeiro passado limitar a extensão do encaminham­ento de mensagens, enquanto o Instagram procura agora aplacar a competição por “likes”, ocultando o número dos que aprovam cada postagem.

Num lance caracterís­tico de teorias conspirató­rias, Bolsonaro afirmou que os limites impostos pelo aplicativo de mensagens teriam sido idealizado­s para cerceá-lo.

Tais restrições, adotadas também em outros países, não miram um alvo em particular —são, na realidade, uma forma de desestimul­ar a instrument­alização político-ideológica das plataforma­s. É salutar que elas próprias busquem meios de conter a mistificaç­ão e a incivilida­de no debate público.

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