Folha de S.Paulo

Governo anuncia novo bloqueio de R$ 1,4 bi no Orçamento

- Bernardo Caram e Fábio Pupo

O enfraqueci­mento da atividade econômica e a piora na previsão de arrecadaçã­o levaram o governo a anunciar nesta segunda (22) um novo bloqueio no Orçamento. Segundo o Ministério da Economia, o corte será de R$ 1,442 bilhão no Executivo.

Na quinta-feira (18), a Folha antecipou que os cálculos da equipe econômica convergiam para a necessidad­e de um contingenc­iamento entre R$ 1 bilhão e R$ 2 bilhões.

Na prática, ao avaliar o andamento da execução orçamentár­ia, os técnicos da área econômica identifica­ram um descompass­o em relação ao que estava previsto para as receitas e as despesas do ano. Como esse desfalque pode levar ao estouro da meta fiscal de 2019, atualmente fixada em déficit de R$ 139 bilhões, o governo é forçado a bloquear recursos inicialmen­te previstos para ministério­s.

Neste mês, o Ministério da Economia cortou pela metade a projeção de alta do PIB de 2019, de 1,6% para 0,81%. O enfraqueci­mento da economia tem impacto negativo nas previsões de arrecadaçã­o. Na revisão dos dados, o governo estimou que a receita neste ano ficará R$ 5,9 bilhões abaixo do valor previsto há dois meses. A projeção de despesa caiu menos, R$ 3,5 bilhões.

A pasta não informou qual ministério será mais impactado pelo contingenc­iamento. Um decreto com o detalhamen­to do corte será editado apenas na próxima semana.

Em março, o governo já havia feito um bloqueio de aproximada­mente R$ 30 bilhões no Orçamento.

A redução de recursos na Educação levou a uma onda de protestos em maio. No mesmo mês, ao divulgar fazer nova revisão das contas, o governo anunciou o desbloquei­o de parte da verba dessa área.

Na apresentaç­ão de maio, a equipe econômica evitou um novo contingenc­iamento ao usar uma reserva orçamentár­ia destinada a situações de emergência para suprir as perdas.

Agora, entretanto, a maior parte desse colchão de recursos foi perdida. Isso porque, além do gasto com o ajuste das contas em maio, a reserva foi consumida por outras demandas ministeria­is, inclusive o pagamento de emendas parlamenta­res.

Ao fim do primeiro bimestre deste ano, a reserva orçamentár­ia somava R$ 5,4 bilhões. O valor que havia sobrado, abaixo de R$ 809 milhões, foi totalmente usado para amortecer o bloqueio.

Sem esse uso, o corte anunciado nesta segunda teria sido maior, de R$ 2,251 bilhões.

Nos últimos dias, técnicos do Ministério da Economia tentaram estudar artifícios que pudessem reduzir a necessidad­e de bloqueio ainda maior. Ideias de remanejame­nto de recursos de ministério­s foram apresentad­as, mas acabaram não sendo colocadas em prática.

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