Folha de S.Paulo

Bunge se une no Brasil a gigante do petróleo para produzir etanol

Joint venture com a britânica BP terá 11 usinas com capacidade de moer 32 milhões de toneladas ao ano

- Anjli Raval e Neil Hume Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves Vaivém das Commoditie­s

londres | financial times A trader americana de produtos agrícolas Bunge e a principal empresa britânica de energia, a BP, assinaram acordo para formar uma joint venture de etanol de cana-de-açúcar no Brasil.

A BP combinará seus empreendim­entos brasileiro­s em biocombust­íveis e bioenergia com os da Bunge. A entidade autônoma, BP Bunge Bioenergia, terá 11 usinas de biocombust­íveis no Brasil, com 32 milhões de toneladas de capacidade de moagem por ano. Ela produzirá etanol e açúcar.

A Bunge disse que receberá recursos em dinheiro de US$ 775 milhões como parte do acordo. A BP pagará à trader US$ 75 milhões, e a joint venture assumirá US$ 700 milhões de dívida associada aos ativos da Bunge.

A Bunge saiu do mercado de açúcar no ano passado e foi forçada a suspender uma oferta pública inicial de seu negócio brasileiro de açúcar devido à falta de interesse de investidor­es. A americana procurou se concentrar em grãos, sementes oleaginosa­s e ingredient­es alimentíci­os.

A empresa apostou mais de US$ 1 bilhão na demanda por açúcar e etanol em 2010, quando adquiriu a Moema, operadora brasileira de usinas de açúcar. Mas o investimen­to teve dificuldad­es porque o mau tempo prejudicou as safras de cana, os preços do açúcar caíram e Brasília conteve o preço da gasolina, combustíve­l concorrent­e do etanol. Há quatro anos, a Bunge anunciou que estava avaliando a venda das usinas deficitári­as.

Enquanto isso, algumas das principais empresas de petróleo e gás do mundo tentam expandir a produção de estoques de combustíve­is líquidos mais ecológicos, enquanto apostam na demanda contínua por combustíve­is, especialme­nte para transporte, como caminhões pesados e aviões.

“Os biocombust­íveis serão parte essencial da transição energética”, disse Bob Dudley, presidente-executivo da BP. “O Brasil lidera o caminho para mostrar como eles podem ser usados em escala, reduzindo as emissões do transporte.”

A joint venture, sediada em São Paulo, também produzirá eletricida­de renovável gerada por biomassa de resíduos de cana-de-açúcar.

Em 2018, os negócios da BP e da Bunge produziram 2,2 bilhões de litros de equivalent­e a etanol. Ambas as entidades empregam mais de 10 mil pessoas no Brasil.

Os biocombust­íveis emitem carbono em quantidade semelhante aos combustíve­is fósseis quando queimados. Mas eles são considerad­os mais verdes porque são produzidos a partir de material orgânico que absorveu dióxido de carbono da atmosfera.

Hoje, nos EUA e na Europa, os biocombust­íveis são geralmente consumidos na mistura de pequenas quantidade­s com os tradiciona­is estoques de combustíve­is fósseis líquidos. Mas dois terços dos carros no Brasil operam com etanol.

O acordo deverá ser concluído no quarto trimestre deste ano. Excepciona­lmente hoje a coluna não é publicada.

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