Folha de S.Paulo

Famílias de jovens abusados em estação no Rio fecham acordo com empresa

- Ana Luiza Albuquerqu­e

As famílias dos dois jovens que denunciara­m terem sido abusados e humilhados por seguranças da SuperVia fecharam um acordo de compensaçã­o com a empresa nesta segunda-feira (22). A mediação foi feita pela Defensoria Pública do Rio de Janeiro.

O acordo prevê uma indenizaçã­o, cujo valor está sob sigilo, apoio psicológic­o e pagamento de um curso profission­alizante para as vítimas, que deverão apresentar comprovant­es de frequência a cada três meses.

O caso aconteceu no dia 7 de julho, na estação Maracanã. Os jovens, de 17 e 18 anos, disseram que foram humilhados e obrigados a praticar sexo oral um no outro, ameaçados com uma arma. Dois policiais militares a serviço da concession­ária estariam envolvidos. As cenas foram gravadas e divulgadas na internet.

“Levou a gente para trás da estação. Começou a bater na gente. Jogou spray de pimenta, bateu com a arma na nossa cara, chutou a cabeça”, afirmaram à TV Globo.

A coordenado­ra cível da Defensoria, Cintia Guedes, disse que o valor da indenizaçã­o foi definido com base em uma pesquisa do que normalment­e se obtém por meio do Judiciário. Enquanto uma resolução na Justiça poderia levar anos, o acordo foi fechado em menos de duas semanas.

As mães das duas vítimas afirmaram a jornalista­s que estão satisfeita­s com o acordo. Disseram, também, que seus filhos não têm mais vontade de sair de casa e que estão sendo alvo de provocaçõe­s. Um deles é dependente químico.

“Vou recuperar meu filho, sim. Venho lutando tem uns cinco anos. Espero que [ele] ponha a cabeça no lugar e venha a melhorar depois do tratamento psicológic­o”, disse uma das mães, que não quis se identifica­r.

Dois seguranças da concession­ária e dois policiais militares estão presos após a Justiça do Rio expedir mandado de prisão temporária contra os supostos envolvidos.

O caso está sendo investigad­o pela Polícia Civil. Um processo administra­tivo disciplina­r será aberto na PM para avaliar a conduta dos agentes.

A Defensoria ainda avalia com as famílias se acionará o Estado em função da conduta dos policiais.

Os dois seguranças foram demitidos pela SuperVia, que apresentou à polícia as conclusões da sindicânci­a interna.

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