Folha de S.Paulo

Palmeiras abre oitavas da Libertador­es em meio a turbulênci­a após 2 derrotas

Eliminação na Copa do Brasil e fim de invencibil­idade no Brasileiro impactam elenco alviverde

- Marcos Guedes

GODOY CRUZ (ARG) PALMEIRAS

21h30, em Mendoza Na TV: Fox Sports

Há uma semana e meia, o Palmeiras liderava o Brasileiro com folga e alimentava duas discussões: se o título já estava decidido e se era possível brigar simultanea­mente por outras duas taças. Agora, a equipe divide a ponta do Nacional com o Santos, está eliminada da Copa do Brasil e inicia as oitavas de final da Copa Libertador­es em turbulênci­a, literalmen­te.

Foi trepidante o voo que deveria levar a delegação alviverde até Mendoza, na Argentina, palco da partida desta terça (23), às 21h30, contra o Godoy Cruz. Após duas tentativas frustradas de pouso, o avião tocou o solo em Buenos Aires, com jogadores e dirigentes assustados, porém inteiros e dispostos a reverter um cenário desfavoráv­el.

Eles percorrera­m cerca de 6.500 km de Fortaleza, onde perderam por 2 a 0 para o Ceará no último sábado (20), até Mendoza, aonde finalmente chegaram nesta segunda (22). Como houve só um treinament­o para o confronto, Luiz Felipe Scolari buscou as soluções na base da conversa.

“Se não tiver a cabeça no lugar, vai jogar fora tudo o que teve até agora”, disse o treinador, após o resultado negativo. “Estivemos mais nervosos do que o normal. Até alguns jogadores mais experiente­s acabaram se irritando.”

O próprio Felipão, 70, mostrou-se suscetível ao momento de pressão. Após a eliminação do time na Copa do Brasil, na última quarta (17), contra o Internacio­nal, deixou de lado o rodízio de atletas em tentativa de frear o mau momento e bater o Ceará. Perdeu e deixou mais desgastado um grupo que jogará sua terceira partida em sete dias.

Em campo, a equipe não tem respondido como vinha fazendo antes da pausa para a Copa América. Em 33 partidas oficiais até a parada, o Palmeiras foi vazado apenas nove vezes, ótima média de 0,27 gol sofrido por jogo. Nos quatro embates desde o retorno, Weverton já teve de buscar quatro bolas no fundo da rede.

Se o lateral esquerdo Diogo Barbosa parecia o único ponto frágil da defesa, hoje a marcação exibe mais problemas. Os pontas Dudu e Zé Rafael, de limitada colaboraçã­o sem a bola, têm deixado os flancos expostos. E o antes eficiente combate pelo meio dos volantes Felipe Melo e Bruno Henrique, não vem tendo o mesmo funcioname­nto, algo que ficou claro diante do Ceará.

A queda na eficiência defensiva quebra o plano de jogo do time, que gosta de contra-atacar. Quando é obrigada a ter a bola, a formação alviverde esbarra na falta de hábito de trocar passes. O gosto pela ligação direta cobra o preço de uma equipe que não conseguiu nenhuma virada desde o retorno de Felipão.

No Brasileiro, por exemplo, de acordo com o Footstats, o Palmeiras tem média de 48% de posse de bola em suas partidas, o que coloca o líder apenas na 12ª colocação nesse quesito. Ou seja, o time tem menos a bola do que seus rivais, um contraste claro com a estratégia do vice-líder Santos, que tem 58% de posse.

A pontaria também não tem ajudado. Contra o Ceará, das 18 finalizaçõ­es, só 6 foram no gol. E 10 delas foram de uma distância de ao menos 25 metros, o que mostra a dificuldad­e de penetração na área.

As falhas na frente deixam a defesa exposta, alimentand­o um ciclo vicioso, e preocupam os antes confiantes palmeirens­es. Houve protestos após o fracasso na Copa do Brasil e também após a derrota de sábado, com cobranças ao técnico e a jogadores como Lucas Lima, Dudu e Deyverson.

Nesse cenário, tornou-se de alto risco o confronto com o Godoy Cruz, clube de pouca tradição. Voltar da Argentina com um resultado ruim pode tornar ainda mais turbulento o momento do Palmeiras, que espera corrigir o curso.

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