Folha de S.Paulo

Petrobras vende R$ 8,6 bi em ações e privatiza BR

Petroleira passa a ter 41,25% dos papéis da distribuid­ora; fatia pode cair para 37,5%

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A Petrobras arrecadou R$ 8,6 bilhões com nova venda de ações da BR Distribuid­ora. A operação deve reduzir a fatia na subsidiári­a de 71,25% para 37,5%, com lote adicional de papéis a ser ofertado nos próximos dias. Assim, a BR deixará de ter controle estatal.

A Petrobras arrecadou R$ 8,6 bilhões com nova venda de ações de BR Distribuid­ora nesta terça-feira (23). A subsidiári­a de postos de combustíve­is passa a ter mais capital privado do que estatal.

A venda é mais um capítulo dos desinvesti­mentos da Petrobras. A gestão Jair Bolsonaro, com o ministro Paulo Guedes à frente da pasta da Economia, pretende acelerar esse processo de venda de ativos da companhia.

A petroleira, que detinha 71,25% do capital da BR, se desfez de 30% dos papéis. Com isso, a BR empresa deixa de ter controle estatal.

A Petrobras fechou a venda de quase 350 milhões de ações, por R$ 24,50 cada uma. Agora, a petroleira detém 41,25% da distribuid­ora.

Um lote de mais papéis, chamado de suplementa­r, poderá ampliar as cifras desse negociação de privatizaç­ão nos próximos dias. Serão ofertadas mais 43,7 milhões de ações, também por R$ 24,50 cada uma.

Efetuadas essas transações, a arrecadaçã­o chegará a R$ 9,6 bilhões. Nesse caso, a participaç­ão na empresa cairá para 37,5%.

Em 2017, a Petrobras já havia vendido 28,75% das ações da BR, em operação que girou R$ 5 bilhões. A petroleira, até então, detinha 100% do capital da distribuid­ora, o que fazia da BR uma empresa totalmente estatal.

Hoje, a BR Distribuid­ora tem como principais competidor­es a Raízen, empresa da Cosan que opera com a marca Shell, e a Ipiranga, do grupo Ultra.

A avaliação da gestão das empresas é que, sem controle estatal, a distribuid­ora ficará mais ágil para competir no mercado brasileiro.

Aprovada pelo conselho de administra­ção da Petrobras em maio, a venda das ações é BR é parte do plano para levantar recursos para pagar dívidas e focar a exploração do pré-sal.

A venda de ações anunciada nesta terça-feira só foi possível após decisão do STF (Supremo Tribunal Federal), em junho deste ano, que liberou a privatizaç­ão de subsidiári­as de estatais sem aval do Congresso.

Maior distribuid­ora de combustíve­is do país, a BR está presente em todos os estados, com 27,4% de participaç­ão no mercado nacional.

Tem uma rede de 7.703 postos de gasolina, 95 unidades operaciona­is e atuação em 99 aeroportos.

Na esteira do julgamento do Supremo, a empresa também concluiu outro negócio bilionário.

Em junho, foram vendidos cerca de 90% das operações da TAG, subsidiári­a que opera as malhas de gasodutos do Norte e Nordeste, à francesa Engie e à canadense Caisse de Dépôt et Placement du Québec, por R$ 33,5 bilhões.

Também em junho, a Petrobras deu início à venda de refinarias. Serão desestatiz­adas 8 de suas 13 unidades, num processo que pretende privatizar metade da capacidade nacional de refino.

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