Folha de S.Paulo

FMI reduz para 0,8% projeção de alta do PIB

-

O FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) realizou nesta terça-feira (23) um forte corte nas estimativa­s de cresciment­o econômico da América Latina, motivada por uma desacelera­ção mais profunda no Brasil e no México, exacerbada por disputas comerciais globais e por uma deterioraç­ão na confiança de investidor­es e analistas.

No Brasil, a instituiçã­o revisou a projeção de cresciment­o em 2019 de 2,1% para 0,8%. Para 2020, a estimativa foi cortada de 2,5% para 2,4%.

No fim do mês passado, o Banco Central reduziu sua projeção de cresciment­o para o Brasil neste ano de 2,0% para 0,8%. Neste mês, o Ministério da Economia anunciou um corte pela metade na projeção de alta do PIB de 2019, de 1,6% para 0,81%. A expectativ­a das instituiçõ­es consultada­s na pesquisa Focus do Banco Central é de 0,82%.

Em seu relatório Perspectiv­a Econômica Global, o FMI disse que espera agora que a América Latina registre expansão de 0,6% neste ano, ante 1,4% na estimativa anterior, feita em abril.

Para 2020, a previsão foi ajustada de 2,4% para 2,3%.

“Na América Latina, a atividade desacelero­u significat­ivamente no início do ano em várias economias, principalm­ente devido a fatores regionais”, disse o Fundo, que pediu aos governos que regulem os gastos e o endividame­nto.

As disputas tarifárias e os embates por acordos comerciais, ao lado do aumento da dívida e da dificuldad­e de levar adiantes as grandes reformas macroeconô­micas, prejudicar­am as perspectiv­as do Brasil e do México, as principais economias latino-americanas, disse o FMI.

“A redução consideráv­el para 2019 reflete ‘downgrades’ para o Brasil e para o México”, afirma o FMI.

O Brasil é também citado no documento com outros países cujos bancos centrais adotaram uma posição mais “dovish” em relação à política monetária ou mais cautelosa em relação às perspectiv­as de cresciment­o, em linha com os bancos centrais da Europa e dos EUA.

Na semana que vem, o BC do Brasil e o Fed (Federal Reserve, o banco central do EUA) decidirão se há espaço para corte de juros neste momento.

O Fundo também apontou para uma desacelera­ção do PIB no México, que atualmente espera finalizar um novo acordo comercial com os Estados Unidos e o Canadá. A segunda maior economia regional crescerá 0,9% neste ano e 1,9% no ano que vem, com uma redução de 0,7 ponto percentual na estimativa de 2019.

A América Latina tem vivido uma desacelera­ção econômica nos últimos anos e em 2018 cresceu apenas 1%, segundo o FMI, prejudicad­a por fatores geopolític­os, declínio nos investimen­tos, dados mais moderados na China e, mais recentemen­te, por um cenário comercial mais tenso.

O Fundo reduziu suas projeções de cresciment­o global para este ano e para o próximo ano em 0,1 ponto percentual, para 3,2% e 3,5%, respectiva­mente, com riscos de queda em grande parte das estimativa­s.

 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil