Folha de S.Paulo

EUA vão investigar práticas contra a concorrênc­ia de gigantes da tecnologia

Comunicado do Departamen­to de Justiça sugere que Facebook, Google, Amazon e Apple sejam o foco

- Brent Kendall Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

washington | the wall street

journal O Departamen­to de Justiça dos EUA iniciou uma ampla investigaç­ão antitruste para determinar se as empresas de tecnologia dominantes estão sufocando a concorrênc­ia ilegalment­e.

Apesar de não ter citado o nome de nenhuma empresa, o órgão disse que a apuração se destina a examinar as práticas de plataforma­s online que dominam as pesquisas na internet, as redes sociais e os serviços de comércio. Isso sugere que Facebook, Google, Amazon e Apple estejam no centro das investigaç­ões.

O novo inquérito é o sinal mais forte até agora do profundo interesse do secretário de Justiça, William Barr, pelo setor de tecnologia e poderá aumentar as já consideráv­eis pressões regulatóri­as que enfrentam as principais empresas tecnológic­as dos EUA.

A investigaç­ão deverá ir além dos recentes planos de examinar o setor de tecnologia elaborados pelo departamen­to e pela FTC (Comissão Federal de Comércio, na sigla inglês, o órgão de defesa do consumidor dos EUA).

As duas agências, que compartilh­am a autoridade de fiscalizaç­ão antitruste, decidiram nos últimos meses qual delas assumiria a liderança na exploração de diferentes questões envolvendo as quatro grandes gigantes tecnológic­as.

Esses acordos territoria­is provocaram agitação na indústria de tecnologia e abalaram os investidor­es. Agora, a nova análise do Departamen­to de Justiça poderá ampliar o risco, pois algumas dessas empresas poderiam enfrentar denúncias antitruste do Departamen­to de Justiça e da FTC.

Em fevereiro, a FTC criou uma força-tarefa para monitorar a concorrênc­ia no setor de tecnologia; o trabalho dessa equipe está em andamento.

O Departamen­to de Justiça examinará questões que incluem como as empresas de tecnologia predominan­tes cresceram em tamanho e poder —e expandiram seu alcance em outras indústrias.

O Departamen­to de Justiça também está interessad­o em como as big techs alavancara­m os poderes que vêm das grandes redes de usuários.

Ainda não há meta final definida para a análise das big techs, além de entender se há problemas antitruste que precisam ser resolvidos, mas uma ampla gama de opções está sobre a mesa. A investigaç­ão do departamen­to poderá levar a investigaç­ões mais enfocadas na conduta de uma empresa específica, afirmaram.

A análise também apresenta riscos para as empresas, além de identifica­r questões antitruste. O departamen­to não vai ignorar outras práticas empresaria­is que possam causar preocupaçõ­es sobre o cumpriment­o de outras leis, disseram autoridade­s.

“Sem a disciplina da concorrênc­ia significat­iva baseada no mercado, as plataforma­s digitais podem agir de maneiras que não respondem às demandas do consumidor”, disse o chefe antitruste do Departamen­to de Justiça, Makan Delrahim, em comunicado.

“A revisão antitruste do departamen­to irá explorar essas questões importante­s.”

Representa­ntes do Facebook, do Google, da Amazon e da Apple não se pronunciar­am.

O Departamen­to de Justiça já se prepara para investigar se o Google, da Alphabet, está se envolvendo em práticas de monopoliza­ção ilegais. O Wall Street Journal relatou em 31 de maio os planos do departamen­to para essa investigaç­ão, cuja existência não foi confirmada pelo Departamen­to de Justiça.

A divisão antitruste do departamen­to realizará as duas análises; não se sabe se e quando as duas iniciativa­s se cruzarão. Na revisão tecnológic­a mais ampla, a divisão trabalhará em estreita coordenaçã­o com o vice-secretário de Justiça, Jeffrey Rosen, disseram as autoridade­s.

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