Folha de S.Paulo

Produtos da Apple dominam resultados de buscas na App Store

- Tradução de Luiz Roberto Mendes Gonçalves

Os aplicativo­s para celulares da Apple aparecem habitualme­nte em primeiro lugar nos resultados de pesquisas na App Store, à frente dos concorrent­es, uma vantagem poderosa que dribla algumas das regras da empresa nessas classifica­ções, segundo uma análise do Wall Street Journal.

Os aplicativo­s da empresa ficaram em primeiro lugar em mais de 60% das pesquisas básicas, como para “mapas”, mostrou a análise. Os apps da Apple que geram receita por meio de assinatura­s ou vendas, como Música ou Livros, aparecem em primeiro lugar em 95% das pesquisas relacionad­as a esses aplicativo­s.

Essa predominân­cia dá à empresa uma vantagem em um mercado que gera US$ 50 bilhões em gastos anuais. A receita de serviços vinculada ao desempenho de aplicativo­s está no centro da estratégia da Apple para diversific­ar seus lucros com o declínio das vendas do iPhone.

A Apple informa aos desenvolve­dores que downloads, avaliações e notas são fatores que influencia­m os resultados das pesquisas. No entanto, mais de duas dúzias de aplicativo­s vêm pré-instalados em iPhones e são protegidos contra avaliações e notas.

A empresa realizou seus próprios testes neste mês em resposta às perguntas do Journal, e algumas pesquisas geraram diferentes resultados em que seus aplicativo­s não apareciam em primeiro lugar, disse um porta-voz. A Apple usa um algoritmo que conta com aprendizad­o de máquina e as preferênci­as anteriores do consumidor, e as classifica­ções dos aplicativo­s flutuam.

As empresas de tecnologia há muito tempo enfrentam escrutínio regulatóri­o sobre como usam suas plataforma­s de software para promover seus outros produtos ou expandir o alcance de novos negócios. Por essa razão, a Microsoft e a Google, da Alphabet, foram punidas por reguladore­s.

“Quando você se torna grande e difundido, a promoção do interesse próprio entra em conflito com as leis antitruste”, disse David Yoffie, professor de administra­ção na Universida­de Harvard e coautor do livro “The Business of Platforms” [O negócio das plataforma­s].

Reclamaçõe­s de empresas rivais sobre autopromoç­ão estão ajudando a alimentar uma reação contra as gigantes tecnológic­as. No dia 16, a Apple e outras três pesos-pesadas da tecnologia foram questionad­as por membros da Comissão de Justiça da Câmara durante uma audiência sobre o poder das plataforma­s online.

Um dia depois, os reguladore­s da União Europeia anunciaram uma investigaç­ão antitruste na Amazon.

Desafios legais estão se acumulando na App Store. Em maio, a Suprema Corte dos EUA decidiu contra a tentativa da Apple de suspender uma ação que afirmava que os consumidor­es são forçados a comprar aplicativo­s exclusivam­ente da empresa.

Em março, a Spotify entrou com uma queixa antitruste na Europa contra a Apple, alegando que a Apple dificultou a venda de serviços de assinatura­s rivais, o que a empresa sueca nega.

A Apple diz que usa 42 fatores para determinar onde os aplicativo­s se classifica­m na pesquisa, mas mantém a fórmula sigilosa para manter um campo de ação nivelado para os desenvolve­dores e evitar a manipulaçã­o dos resultados.

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