Folha de S.Paulo

Ordem para destruir diálogos foi confusão, diz ministro ao STF

- Ricardo Della Coletta e Reynaldo Turollo Jr.

Em manifestaç­ão ao ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Sergio Moro (Justiça) alegou um mal-entendido e disse que jamais ordenou a destruição das mensagens obtidas por hackers.

“O material obtido por invasão criminosa de aparelhos celulares de autoridade­s públicas encontra-se vinculado a inquérito da Polícia Federal, ao qual esta autoridade não tem acesso”, disse Moro a Fux.

“Esclareço que este ministro da Justiça e Segurança Pública não exarou qualquer determinaç­ão ou orientação à Polícia Federal para a destruição do indicado material ou mesmo acerca da sua destinação”, continuou Moro.

Conforme a Folha antecipou no fim de julho, Moro informou a autoridade­s que também foram hackeadas que destruiria as mensagens, obtidas de forma ilícita.

A assessoria do ministro confirmou na época que ele havia dado esse recado nos telefonema­s.

A comunicaçã­o feita por Moro provocou a reação de ministros do STF e de especialis­tas em direito, que afirmaram que a decisão de destruir ou não o material não cabe ao ministro da Justiça.

A Polícia Federal rebateu o ministro e afirmou na ocasião que caberia à Justiça, “em momento oportuno, definir o destino do material”.

O ministro Fux concedeu então uma liminar —decisão provisória— para determinar que as mensagens sejam protegidas. Alexandre de Moraes tomou decisão no mesmo sentido.

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