Homenagem é ‘tapa na cara da civilização’, afirma advogado
Um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), o advogado Miguel Reale Jr. afirmou nesta quinta (8) que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) dá um “tapa na cara da civilização” e caminha para um “processo paranoico perigoso” ao voltar a chamar o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, um dos principais símbolos da repressão durante a ditadura militar, de “herói nacional”.
“Como ex-presidente da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, e tendo sabido o que se passou no DOICodi, [me] causa a maior indignação. [É] um tapa na cara da civilização”, disse à Folha.
Ex-ministro da Justiça no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Reale Jr. foi o primeiro presidente da comissão, cargo que ocupou entre 1995 e 2001.
Atualmente, o órgão está vinculado ao Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, comandado por Damares Alves.
“O presidente caminha para um auge de confrontos, sentindo-se todo poderoso para fazer e dizer o que bem entende. [É] um processo paranoico perigoso.”
Para o advogado, “constitui flagrante falta de decoro” o presidente homenagear Ustra. O ato, diz, “chega a configurar incitamento a um crime gravíssimo”, uma vez que a Constituição considera a tortura crime imprescritível.
“Consagrar um torturador, assim reconhecido pelo Judiciário, como herói nacional é legitimar a tortura.”