Folha de S.Paulo

25% da população do mundo está em risco de falta de água

No Brasil, cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Fortaleza estão sob risco hídrico extremamen­te alto

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Quase 25% da população mundial vive em 17 países que enfrentam situação de estresse hídrico extremo e se aproximam do que se chama de “dia zero”, quando as torneiras secam, aponta um relatório divulgado na terça-feira (6).

O Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês) classifico­u o estresse hídrico, o risco de seca e o risco de inundação fluvial utilizando uma metodologi­a revisada por especialis­tas.

“A agricultur­a, a indústria e os municípios estão consumindo 80% das águas superficia­is e subterrâne­as disponívei­s em um ano médio nos 17 países mais afetados”, afirmou o WRI.

Catar, Israel, Líbano, Irã, Jordânia, Líbia, Kuwait, Arábia Saudita, Eritreia, Emirados Árabes Unidos, San Marino, Bahrein, Índia, Paquistão, Turcomenis­tão, Omã e Botsuana formam o grupo dos 17.

“O estresse hídrico é a maior crise sobre a qual ninguém fala. As consequênc­ias são visíveis na forma de inseguranç­a alimentar, conflito, migração e instabilid­ade financeira”, disse Andrew Steer, presidente executivo do WRI.

Outros 27 países integram a lista de “alto estresse hídrico de referência”.

Oriente Médio e o norte da África têm 12 dos países com maior nível de estressado­s hídrico. A Índia, que aparece na posição 13, tem uma população três vezes maior que os outros 16 países.

“A recente crise da água na região de Chennai chamou a atenção mundial, mas diversas áreas da Índia sofrem um estresse hídrico crônico”, afirmou Shashi Shekhar, ex-secretária para a Água da Índia.

Ela afirmou que o relatório pode ajudar as autoridade­s a identifica­r e priorizar os riscos.

Até os países com reduzido estresse hídrico médio podem ter pontos críticos. Os Estados Unidos aparecem na 71ª posição, mas o estado do Novo México sofre estresse hídrico.

De acordo com o estudo, o Brasil não está entre os principais países com crise hídrica, mas algumas das principais cidades brasileira­s entram na classifica­ção de risco hídrico extremamen­te alto. As cidades são: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Recife, Vitória e Campinas.

Consumo excessivo, desperdíci­o de água, a crise do clima, degradação dos sistemas de captação e o desmatamen­to na Amazônia —que tem influência nas chuvas e, consequent­emente, no ciclo hídrico no resto do país— são alguns dos fatores que colocam regiões com grande população em risco.

O mapa do estudo da WRI também mostra ameaça a regiões já com histórico de estresse hídrico no interior do Nordeste.

A restauraçã­o florestal e seus posteriore­s serviços ambientais podem estar entre os caminhos para que o Brasil consiga enfrentar o risco de crise hídrica.

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