Após WO por erro na cor do uniforme, argentinas vencem e se emocionam
Ao começar sua última partida da fase de grupos dos Jogos Pan-Americanos, nesta quinta (8), oito pontos atrás do placar contra as Ilhas Virgens, parecia que a seleção feminina de basquete da Argentina ainda sentia os efeitos do incidente no dia anterior, que causou sua eliminação do torneio.
Na quarta (7), a equipe perdeu para a Colômbia por WO por não ter levado ao ginásio o uniforme da cor com a qual deveria se apresentar. O sorteio indicava que as argentinas usariam camiseta branca, mas elas levaram apenas o conjunto azul, da mesma cor que o das colombianas.
Como não havia tempo para retornar à vila das atletas e buscar o uniforme da cor correta, foi decretada a derrota argentina e sua consequente eliminação após somar seu segundo revés em dois jogos —já tinham perdido para os EUA por 70 a 62.
Contra as Ilhas Virgens, ao menos foi possível deslanchar nos minutos finais e vencer por 73 a 59. A saída de quadra foi marcada por aplausos e choro das atletas. A maioria delas preferiu não falar com os jornalistas.
“É difícil aceitar. Choramos desde ontem [quarta], não dormimos à noite, levantamos, chegamos aqui e seguimos chorando, mas por respeito ao trabalho de todas nós durante o ano fomos à quadra”, afirmou a capitã do time, Debora González.
“Precisávamos mostrar que nós continuaremos lutando. O reconhecimento das pessoas que estão no Peru e também na Argentina emociona e é muito importante. Sabíamos que precisávamos mudar o chip”, disse a armadora Melisa Gretter.
Mesmo resignados, os torcedores não deixaram de apoiar. “Qualquer equipe amadora sabe que tem que levar os dois jogos de camiseta”, disse o médico argentino Francisco Astutti, 43, que no intervalo do jogo.
Já o veterinário Juan Manuel Lencina, 29, reclamou da falta de informações ao público no ginásio antes do WO contra a Colômbia.
“Não sabíamos o que estava acontecendo. Estava tudo pronto para começar a partida, mas deram dez minutos a mais e depois anunciaram que havia um problema técnico. Nisso as pessoas que estavam fora já sabiam que a partida tinha sido suspensa”, contou.
Enquanto a seleção masculina do país foi campeã olímpica em 2004, o time feminino ainda busca seu espaço num país apaixonado por basquete. Para o professor de educação física Walter Gorena, 25, o erro cometido neste Pan não contribui para que isso aconteça.
“Sinto que com uma seleção de homens, tanto de basquete quanto de vôlei ou futebol, isso não ocorreria. O esporte é universal, para homens e mulheres, e a importância dada aos dois deveria ser a mesma”, disse.
Após o episódio, o chefe da delegação, Hernán Amaya, e a diretora de desenvolvimento do basquete feminino da confederação, Karina Rodríguez, pediram demissão.
A equipe disputa do quinto lugar nesta sexta-feira (9), às 15h30 (de Brasília).