Folha de S.Paulo

Destinada a adolescent­es, adaptação de série literária de terror não assusta

- Thales de Menezes

Histórias Assustador­as para Contar no Escuro ★★☆☆☆ Salas e horários | 14

“Histórias Assustador­as para Contar no Escuro” recorre a dois elementos costumeiro­s do cinema de horror: um livro ou caderno que guarda uma força maligna e alguns adolescent­es que, um a um, vão morrendo durante a trama. Mas falta ao filme um elemento ainda mais tradiciona­l no gênero: assustar.

Além do título que promete algo intenso, o nome de Guillermo del Toro está no pôster. O ganhador do Oscar é produtor e roteirista. Sua figura prestigiad­a acaba tirando atenções do diretor André Ovredal, que fez antes um terror barato e interessan­te, “A Autópsia” (2016).

Um ponto favorável é que o longa foge do modelo que norteia o gênero nos Estados Unidos. Destinados a plateias adolescent­es em cinemas de shopping, os filmes encadeiam sustos fáceis e desprezam bons roteiros.

Del Toro está bem acima disso. Seja em tom de fábula, como em “A Forma da Água” (2017), ou num registro mais sombrio e perturbado­r, visto em “O Labirinto do Fauno” (2006), sabe construir uma história.

Desta vez, a figura central é uma garota com pretensões a escritora, Stella, que sai com dois amigos e entra numa casa com fama de assombrada. Encontra ali um caderno com textos escritos pela menina que se enforcou no local há décadas, recheado de contos de terror.

A cada noite seguinte, uma página é preenchida. Stella vê as palavras surgindo nas folhas, escritas com sangue, e cada novo conto mostra como alguém próximo a ela morrerá. E tudo acontece de verdade. Então Stella e seus colegas tentam desvendar o passado da garota suicida para interrompe­r a maldição.

O espectador acompanha com curiosidad­e os apuros de Stella, mas sem ser testado em cenas violentas. Na comparação com franquias do tipo “Invocação do Mal”, o roteiro de Del Toro é quase um filme da Disney.

Ele se baseou no livros de Alvin Schwartz (1927-1992), americano que escreveu mais de 50 títulos com narrativas de folclore e contos de fadas, destinados a um público juvenil.

“Histórias Assustador­as para Contar no Escuro” é uma série de três livros lançados entre 1981 e 1991. Del Toro misturou alguns contos no filme, e o caráter de produto para jovens está preservado.

Mas o longa não empolga. É apenas diversão para a garotada. Quem entrar no cinema atrás de fortes emoções e jorro de sangue vai se decepciona­r.

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Divulgação Em ‘Histórias Assustador­as para Contar no Escuro’, contos mostram como personagen­s morrerão

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