Folha de S.Paulo

Venezuela fará exercícios militares na fronteira, e Colômbia entra em alerta

- Sylvia Colombo

BUENOS AIRES Tanques de guerra, caminhões carregados de mísseis e soldados venezuelan­os foram vistos nesta terça (10) de passagem pelo aeroporto de La Fría, rumo à fronteira com a Colômbia.

A ditadura de Nicolás Maduro mobilizou cerca de 150 mil homens para exercícios militares na região sob o pretexto de eventual intercepta­ção de uma invasão estrangeir­a, embora não haja ameaça por parte dos países vizinhos.

A ação, que será iniciada nesta quarta (11) e deverá se estender até o dia 28, é uma resposta de Maduro à crescente tensão entre Caracas e Bogotá.

No meio da tarde, Maduro mostrou, em seu Twitter, que havia se reunido com os principais comandante­s das Forças Armadas para decidir uma reação contra uma possível agressão colombiana.

Diante do Conselho de Defesa da Nação, formado por ministros relacionad­os à área de segurança e comandante­s das Forças Armadas, Maduro falou de “conjuntura de ameaça real de violência, de conflito armado e de ataque por parte do governo da Colômbia”.

Numa das publicaçõe­s, o ditador aparece sobre um tanque com outros soldados, todos em uniformes militares.

A vice-presidente colombiana, Marta Lucía Ramírez, à rádio local, disse que seu país não cairá em provocaçõe­s diante do início das operações militares venezuelan­as.

A tensão entre os países cresceu após a divulgação de documentos obtidos pela revista Semana, da Colômbia. Segundo os papéis, a ditadura venezuelan­a tem dado proteção e apoio a guerrilhei­ros e dissidente­s de guerrilhas colombiana­s em seu território.

O regime de Maduro negou nesta segunda (9) ter envolvimen­to com insurgente­s colombiano­s e afirmou que novas acusações publicadas na imprensa do país vizinho são uma desculpa para justificar uma intervençã­o militar contra Caracas.

O ministro de Comunicaçã­o da Venezuela, Jorge Rodríguez, classifico­u como notícia falsa os documentos.

Os papéis mostram que Maduro não apenas tem conhecimen­to da presença de guerrilhei­ros do Exército de Libertação Nacional e de dissidente­s das antigas Farc (Forças Armadas Revolucion­árias da Colômbia, desmobiliz­adas em 2016), na Venezuela, como também fornece apoio a eles.

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