Muzema, no Rio, ainda tem prédios irregulares
rio de janeiro O desabamento de um prédio residencial em Fortaleza nesta terça (15) aconteceu seis meses e três dias após a queda de dois edifícios na Muzema, no Rio de Janeiro, que tirou a vida de 24 pessoas e levou à prisão de três pessoas até o momento.
Nesse tempo, pouca coisa mudou na comunidade na zona oeste carioca. Os prédios irregulares ao redor dos dois edifícios que desabaram continuam de pé, e apenas no começo de outubro a Prefeitura do Rio de Janeiro determinou a demolição de seis deles.
O município já havia derrubado dois prédios além dos que caíram na tragédia, mas depois suspendeu a derrubada dos demais, após prometer aos moradores que seria feita uma nova avaliação técnica sobre as construções.
A análise é de que os prédios estariam em risco. Eles teriam sido erguidos por milicianos de maneira irregular e sem autorização do governo. Os moradores chegaram a obter liminar para impedir as demolições, mas hoje não existe impedimento jurídico.
Os moradores dos seis prédios estão em contato com a Defensoria Pública. Cerca de cem pessoas foram retiradas de suas casas pela Defesa Civil depois da tragédia.
Os três indiciados como responsáveis pelas construções estão detidos, afirma a Polícia Civil. De acordo com o 16ª DP (Barra da Tijuca), o inquérito foi remetido à Justiça.
O último deles foi detido no mês passado. No dia 18 de setembro, José Bezerra de Lira, conhecido como Zé do Rolo, foi preso em Pernambuco.
Ele é apontado como responsável pela construção e venda dos imóveis com outras duas pessoas, também suspeitas de ligação com milícias: Rafael Gomes da Costa e Renato Siqueira Ribeiro, que foram presos no Rio em maio e julho.
O trio é acusado de homicídio doloso qualificado, quando se assume o risco de matar, e são investigados também por organização criminosa e lavagem de dinheiro.
Em junho, o Ministério Público do RJ prendeu outros 14 acusados de participarem de esquema de exploração imobiliária clandestina na Muzema.
Vinte e sete pessoas foram denunciadas à Justiça pela ocupação, loteamento, construção, venda, locação e financiamento ilegais de imóveis, além de ligações clandestinas de água e energia elétrica e corrupção de agentes públicos.
A Secretaria Municipal de Habitação informou que acompanha o caso da Muzema, irá realizar a desocupação dos imóveis do condomínio das Figueiras e estuda a demolição das construções de risco que não possuem impedimento judicial para tal.