Casa Branca confirma toma lá dá cá de Trump ao congelar ajuda à Ucrânia
Um alto funcionário da Casa Branca admitiu, nesta quinta (17), que Donald Trump reteve US$ 391 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão) em ajuda militar à Ucrânia para pressionar os ucranianos a investigar uma acusação relacionada à eleição de 2016 e já descartada como teoria da conspiração.
Embora Trump negue há semanas qualquer possibilidade de troca de favores, o chefe interino de Gabinete Mick Mulvaney reconheceu, em entrevista coletiva, que a ajuda dos EUA foi congelada porque o republicano tinha dúvidas sobre um servidor de computadores do Comitê Nacional Democrata que supostamente estaria na Ucrânia.
Durante telefonema em 25 de julho, Trump pediu ao presidente ucraniano, Volodimir Zelenski, “um favor” para checar o servidor e para investigar o rival Joe Biden —possível adversário na eleição de 2020.
Biden, vice-presidente de Barack Obama, teria atuado em favor da demissão do procurador-geral da Ucrânia que apurava os negócios de uma empresa da qual Hunter, filho do democrata, era membro do conselho de administração.
O imbróglio está no centro do inquérito de impeachment aberto na Câmara dos EUA contra o líder americano.
Zelenski, recém-eleito à época, concordou em realizar a apuração que Trump buscava, e, mais tarde, viu a ajuda dos EUA ser liberada à Ucrânia.
A questão do servidor do Partido Democrata é uma teoria da conspiração já desmentida, segundo a qual a Ucrânia, e não a Rússia, teria interferido nas eleições de 2016 nos EUA. Para isso, um servidor de computadores do Comitê Nasidente cional Democrata era mantido em algum lugar na Ucrânia.
“Ele [Trump] mencionou para mim no passado a corrupção ligada ao servidor do Comitê Nacional Democrata? Absolutamente. Sem dúvida”, disse Mulvaney. “É por isso que retivemos o dinheiro.”
“Alembrança doque aconteceu em 2016 certamente fez parte das coisas com as quais ele estavap reocupado em relaçãoà corrupção naquele país .”
Um repórter disse a Mulvaney que o que ele acabara de descrever era um quid pro quo —expressão em latim que significa toma lá dá cá. “Fazemos isso o tempo todo na política externa”, respondeu.
As declarações ocorrem após o embaixador dos EUA para a União Europeia, Gordon Sondland, testemunhar por escrito nesta quinta no inquérito de impeachment.
Segundo Sondland, Trump disse a altas autoridades americanas que conversassem diretamente com seu advogado pessoal, Rudy Giuliani, sobre a política dos EUA para a Ucrânia. O depoimento aumenta a preocupação de que o preesteja terceirizando a política externa do governo a um cidadão privado.
O embaixador também disse aos parlamentares que não entendeu “por muito tempo” que a agenda de Giuliani incluía pressionar a Ucrânia a investigar Biden e que, para ele, a política externa deveria ser responsabilidade do Departamento de Estado, e não do advogado do presidente.
Sondland, doador da campanha de Trump e rico empresário do setor hoteleiro de Oregon antes de ser nomeado para o cargo em 2018, disse ainda que “seria errado convidar um governo estrangeiro a realizar investigações com o objetivo de influenciar as próximas eleições nos EUA”.
O depoimento destacou o papel central de Giuliani no escândalo. Antes do telefonema em julho, o advogado já trabalhava para convencer a Ucrânia a investigar os Bidens.
O inquérito de impeachment pode fazer com que a Câmara aprove acusações formais —conhecidas como artigos de impeachment— que levariam a um julgamento no Senado sobre a remoção de Trump da Presidência.
O Senado é controlado pelos republicanos, que até agora mostram pouca disposição para removê-lo.
“Fazemos isso [troca de favores] o tempo todo na política externa Mick Mulvaney chefe interino de Gabinete