Lavanderia serve sushi e açougue faz eventos para aumentar o lucro
Empresas diversificam atividades, otimizam espaços e buscam novos públicos; modelo é desafio de gestão
são paulo Uma lavanderia que serve sushi, um açougue com cardápio de almoço e um restaurante que vai do café da manhã à happy hour. Esses são alguns dos exemplos de negócios que apostaram na diversificação das atividades para aproveitar ao máximo seu espaço e, de quebra, conquistar públicos novos e incrementar o faturamento.
O restaurante carioca Gula Gula ganhou em setembro uma unidade em São Paulo que atende desde o café da manhã até o fim de tarde para aproveitar ao máximo a operação da cozinha.
O cardápio estendido garantiu um incremento de 15% no faturamento, segundo Eduardo Daniel, 54, sócio do restaurante, que fica em um casarão histórico a uma quadra da avenida Paulista.
“Temos um ponto grande, em uma esquina pela qual passam muitas pessoas, e por isso decidimos ter fluidez, com atendimento contínuo ao longo do dia, para maximizar o ganho”, explica Daniel.
O investimento inicial no negócio foi de R$ 5 milhões, e a previsão de retorno do valor é de quatro anos.
Os donos do Gula Gula também cederam um espaço ocioso dentro do casarão para a marca carioca Lá em Casa, de utensílios de cozinha.
Eles não cobram pelo uso do espaço, mas aproveitaram pratos, louças e potes da marca na ambientação do restaurante, para ajudar a reproduzir a atmosfera das unidades da rede no Rio de Janeiro.
Para quem quer incorporar uma nova frente ao negócio, é indispensável saber ouvir o freguês .“Se muitos clientes estão falando sobre a mesma coisa, é um bom indicativo de que haverá demanda ”, diz Marcus Salus se, coordenador de projetos do Centro de Empreendedorismo e Novos Negócios da FGV( FundaçãoGe tu lio Vargas ).
Ele recomenda fazer testes em pequena escala e por curtos períodos. “Se você falhar de forma barata e rápida, vai adquirir experiência para encontrar inovações que podem sustentar novas ondas de crescimento”, diz Salusse.
Exemplo dissoéoFeed, açougue que funciona também como restaurante e espaço de cursos e eventos.
O negócio foi inaugurado no Itaim Bibi, em São Paulo, em 2014. Era um açougue com um local para aulas sobre churrasco. Um ano depois, passou a servir almoço como forma de aproveitar melhor a cozinha, utilizada durante os cursos.
A princípio, o restaurante funcionava em sistema de bufê, com a intenção de servir refeições rápidas. “Mudamos o modelo quando a gente se deu conta de que a necessidade era o inverso. Somos um açougue que também é produtor e descobrimos que quando o cliente vem aqui, também quer vivenciar essa cultura”, diz Pedro Merola, 41, proprietário.
A percepção foi base para mudanças de cardápio (que agora vende as carnes próprias à la carte), da carta de bebidas (que adotou vinhos e cervejas artesanais) e de todo o mobiliário, que tinha mesas altas, adaptadas para maior rotatividade de clientes.
Hoje, cerca de 15% da receita do Feed vêm do restaurante e dos eventos, afirma Merola.
Para garantir o sucesso da ampliação do açougue em outras atividades, Merola avalia as finanças de cada parte do negócio separadamente. Assim, o restaurante deve se bancar (e lucrar) sozinho, sem tomar uma parcela dos rendimentos do açougue.
Outro ponto que merece atenção é a complexidade de administrar uma empresa com várias áreas de atuação.
O empresário Jefferson Paiano, 49, diz dedicar o dia inteiro à gestão da Laundry Deluxe, nos Jardins, em São Paulo. Inaugurado em 2016, o empreendimento tem seis áreas de atuação: bar, café, restaurante, sushi-bar, espaço para eventos e lavanderia em sistema de autosserviço.
A ramificação foi tamanha que este último setor, que dá nome à casa, representa apenas 30% do faturamento total.
“Não é fácil tocar um negócio assim. Tenho diferentes responsáveis por cada área, mas ainda sobra muita coisa para resolver”, diz Paiano.
A empresa tem foco na conveniência —a ideia é que, enquanto lava a roupa, o cliente possa comer ou mesmo usar bancadas disponíveis para trabalhar. Além disso, o serviço pode ser feito até as 22h.
A comodidade também é um dos pontos altos da Bologna, mistura de rotisseria, padaria, lanchonete, restaurante e confeitaria com funcionamento 24 horas na rua Augusta, em São Paulo.
Nascida rotisseria há 95 anos, a marca foi comprada pelos atuais donos em 2012, passou por reformas e foi reaberta no ano seguinte com as novas frentes. “O jovem vem comer depois da balada e ainda pode levar pão e leite para a mãe”, explica Wagner Ferreira, sócio do estabelecimento.