Folha de S.Paulo

Nova infraestru­tura

Se bem negociados, projetos que redesenham setores econômicos poderão alavancar o PIB

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Sobre urgência de projetos em análise no Congresso.

Tramitam pelo Congresso projetos de lei que tendem a causar mudança de grande relevância para o investimen­to privado em setores centrais da economia do país.

Há textos que redesenham o mercado de gás, o segmento de energia elétrica, o saneamento, o modelo de concessões e parcerias públicopri­vadas, além de complement­ar a recém-aprovada nova lei geral de telecomuni­cações, que ainda precisa ser regulament­ada.

Fora do Legislativ­o, há novidades emperradas nas agências reguladora­s, como o leilão das redes móveis 5G, o que deve adiar investimen­tos para daqui a dois anos.

São notáveis o alcance e a profundida­de das alterações que essas possíveis novas legislaçõe­s podem causar no panorama da infraestru­tura e da tecnologia nacionais. Mais do que isso, trata-se de inovações necessária­s para uma recuperaçã­o do cresciment­o.

A lista constitui, na prática, um programa de metas regulatóri­as, de criação de condições para o investimen­to privado, ainda mais relevante em uma situação de penúria estatal que não será atenuada antes de meia década. Essa agenda deveria ser prioridade de um governo que se quer reformista.

Não é bem o que se observa —um tanto devido à desarticul­ação parlamenta­r e à indefiniçã­o de rumos do governo Jair Bolsonaro (PSL).

Quanto ao setor elétrico, por exemplo, tramitam vários projetos de reorganiza­ção, baseados em documento elaborado ainda no governo de Michel Temer (MDB). Talvez surja outro projeto, do Executivo, em uma desordem política.

O texto do saneamento avança, mas depende de ajustes que facilitem a entrada de empresas privadas nesse setor. Também nesse caso, falta coordenaçã­o de esforços.

Ao menos a reforma da lei de concessões e PPPs, que pode dar mais celeridade e garantias a essas variantes de privatizaç­ão, passou a andar em ritmo apreciável, graças ao interesse do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

A liberaliza­ção dos setores de gás e saneamento, o 5G e regras mais seguras para concessões devem mudar o padrão do investimen­to no país. A limpeza da imensa confusão no setor elétrico e a privatizaç­ão da Eletrobras podem garantir o fornecimen­to de energia para a retomada do cresciment­o.

O país e, espantosam­ente, mesmo a área econômica do governo parecem não se dar conta da enorme relevância de tais temas. A correta primazia atribuída à reforma da Previdênci­a não justifica que essas pautas recebam menos atenção do Planalto que ninharias políticas e picuinhas ideológica­s.

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