Vão-se os anéis
O relatório da PEC paralela da reforma da Previdência deve desembarcar desfalcado nos próximos dias na Comissão de Constituição e Justiça do Senado. O fim da isenção tributária a entidades filantrópicas será suspenso. Segundo aliados, o relator Tasso Jereissati (PSDB-CE) teria se convencido a tratar do tema em projeto de lei após a reforma, detalhando como corrigir o que ele considera uma injustiça. Entre as beneficiadas pela menor tributação, há faculdades de elevado padrão aquisitivo.
catecismo Parlamentares narram que universidades e outras entidades ligadas a igrejas intensificaram o lobby nas últimas semanas e conquistaram apoio contra a ofensiva, como o do chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. O ministro prometeu levantar oposição do próprio governo, em tese o maior interessado em aumentar a arrecadação.
de boas intenções... Tasso calculava economizar R$ 155 bi em dez anos com a contribuição ao INSS das entidades filantrópicas e do agronegócio, compensando parte da desidratação da reforma da Previdência no Senado. Com a retirada, a PEC paralela se concentrará nas aposentadorias de estados e municípios.
segundo tempo Com estrada em temas fiscais, o ex-ministro do Planejamento Esteves Colnago, adjunto na secretaria especial de Fazenda, pilotará o contato com parlamentares na tramitação do pacote pósPrevidência que Paulo Guedes lança nos próximos dias.
barreira de coral A deputada Gleisi Hoffmann (PTPR) não gostou de saber que a equipe de Guedes estuda inserir medidas que reduzem os gastos do governo em proposta de emenda constitucional que elaborou quando ainda era senadora e aliada do governo Dilma Rousseff.
barreira de coral 2 O espírito de seu texto, diz, é permitir que o gasto público aumente quando a economia patina, como agora, e não o oposto. “Não vou permitir que usem o projeto para isso. Se precisar retiro.”
a regra é clara Gleisi, que é presidente do PT, rejeita ainda o diagnóstico feito por colegas de partido ao Painel, de que a soltura de Lula pode ajudar a reagrupar a direita, em crise. “É como deixar o Pelé no banco porque os adversários vão reforçar a retranca”, diz. Para ela, a direita teme competir com Lula livre. “Quem tem medo de jogar, não desce pro play.”
senhor de mim Escalado pelo PSL para representar o partido na comissão parlamentar que investiga a disseminação de fake news, o deputado Julian Lemos (PB), hoje desafeto da família presidencial, adiantou ao Painel seu posicionamento. “Eu vou ser imparcial. Ponto final. Serei justo.”
senhor de mim 2 A comissão é um dos maiores focos de preocupação de aliados do presidente Jair Bolsonaro —os filhos dele condenam a investigação.
que se come frio Apesar das derrotas impostas à ala bolsonarista, o líder do governo na Câmara, Major Vitor Hugo (PSL-GO), não escondeu de ninguém a satisfação pessoal que sentiu com a queda de Joice Hasselmann (PSL-SP).
que se come frio 2 Joice, tirada por Bolsonaro da liderança do governo no Congresso, criticava o desempenho de Hugo, de quem o presidente é pessoalmente próximo.
parede com ouvidos A sequência de gravações ocultas patrocinadas por membros do PSL intrigou líderes de outras legendas da Câmara. A partir de agora, diz um deles, reunião com o PSL só se puder ser pública, sem bastidor nem confidência.
teus sinais Conselheiros do CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público), responsável por analisar e aplicar sanções contra procuradores, dizem que a interlocução com Augusto Aras, procurador-geral da República, hoje é mínima. E que, por isso, eles não têm ideia de como será a condução dele à frente do órgão.
front O CNMP precisa escolher seu novo corregedor. A eleição poderia ocorrer nesta terça (22), mas conselheiros estão pessimistas. A ala que quer aplicar sanções a Deltan Dallagnol, por exemplo, quer emplacar Sebastião Caixeta, do Ministério Público do Trabalho. Já Aras trabalharia por Marcelo Weitzel, do Ministério Público Militar.