Folha de S.Paulo

‘Levantes’ se espalham pela América Latina e o mundo

- Nelson de Sá nelson.sa@grupofolha.com.br

No chileno La Tercera, tarde de domingo, o general Javier Iturriaga del Campo “anuncia toque de recolher”, determinan­do que “todos vão para as suas casas”. Passado algum tempo, “prosseguem as manifestaç­ões massivas”.

Iturriaga foi perfilado na imprensa chilena como alguém “visto como ‘homem duro’ nas fileiras do Exército”, “especializ­ado em operações” e “ex-adido militar no Brasil”. Na home page do Financial Times, antes, “Piñera invoca lei da era Pinochet para punir manifestan­tes”.

Começando a circular na véspera da radicaliza­ção no Chile, o Miami Herald destacou na capa de domingo a “América Latina inundada por protestos e levantes”.

Iniciando a longa reportagem, “Do Peru ao Equador, do Haiti a Honduras, sinais foram ignorados em meio ao foco de Washington na Venezuela e em Cuba”. Credita os problemas à “estagnação”, às “taxas de cresciment­o medíocres, em comparação ao boom dos anos 2000”.

Outros jornais americanos não deram tanta atenção, mas a imprensa chinesa, em meio a novas manchetes de incêndios parecidos em Hong Kong, no domingo, aproveitou para fazer a relação.

O editorial do Global Times/ Huanqiu, com foto de ônibus queimados em Santiago e citando Barcelona e outras, opinou que “as elites nos EUA estão pagando o preço por apoiar os tumultos em Hong Kong”. E concluiu que “a violência pode se espalhar para o centro do Ocidente”.

monte líbano

No texto da manchete do libanês Al Nahar, fim de domingo, “os protestos pela deterioraç­ão das condições de vida se espalharam por todas as cidades, no Sul, Norte e até no Monte Líbano”. Beirute “segue como o coração que atrai e comanda o curso da mudança”.

‘little england’

No vaivém do brexit, o FT destacou artigo de Jonathan Powell, que foi o principal assessor do exprimeiro-ministro Tony Blair, dizendo que o acordo proposto por Boris Johnson à União Europeia “torna mais próxima uma Irlanda unida”. Escreve que, “paradoxalm­ente, o brexit fez mais para unir a Irlanda do que o Ira”. E em seguida a Escócia pode deixar a Grã-Bretanha, que se tornaria “Pequena Inglaterra”.

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