Folha de S.Paulo

Governo avalia tributar mais prestadore­s de serviços de apps

- Fábio Pupo

brasília O governo estuda expandir a lista de trabalhado­res que prestam serviços por meio de aplicativo­s e que podem se cadastrar como MEI (microempre­endedores individuai­s), pagar tributos e receber benefícios da Previdênci­a.

Recentemen­te, a lei autorizou o motorista de aplicativo a virar MEI. Uma expansão da lista poderia incluir, por exemplo, profission­ais de consultori­a e serviços domésticos.

Os profission­ais que se cadastram como MEI recebem um CNPJ, o que facilita o acesso a produtos financeiro­s e empréstimo­s. Os MEIs são enquadrado­s no Simples Nacional e são isentos de tributos federais como Imposto de Renda, PIS, Cofins, IPI e CSLL.

Apesar da ampliação estudada, o Ministério da Economia tem preocupaçã­o com a falta de fôlego na arrecadaçã­o com o MEI. A alíquota de contribuiç­ão da modalidade para a Previdênci­a Social é um valor reduzido, de somente 5% do salário mínimo (R$ 49,90).

Técnicos veem há algum tempo com incômodo o fato de que os 5% de recolhimen­to do MEI para a Previdênci­a não fecha a conta e entendem que alguma mudança é necessária.Mesmo assim, há quem defenda na pasta que é preciso ter cautela com as mudanças.

O objetivo de formalizar precisaria ser atingido por meio de um sistema amigável e convidativ­o. Caso seja impositivo, poderia afastar os trabalhado­res e aumentar ainda mais a informalid­ade.

Técnicos dizem acreditar que o MEI ainda pode se tornar uma ferramenta importante para reduzir a informalid­ade no mercado de trabalho.

Dados da pasta apontam que 92% da geração de emprego hoje acontece via micro e pequenas empresas. Desde que a lei entrou em vigor — em julho de 2009—, o Brasil já registra mais de 8 milhões de microempre­endedores.

O movimento do governo para a ampliação da possibilid­ade de trabalhado­res se tornarem MEI pode impulsiona­r a arrecadaçã­o federal e também ajudar a dinamizar o mercado de crédito.

O governo vem tomando medidas para impulsiona­r o microcrédi­to, ao qual microempre­endedores têm acesso. A modalidade tem juros mais baixos e condições facilitada­s para financiame­ntos, em geral de até R$ 20 mil.

Uma resolução aprovada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em março aumentou os limites de renda anual do público-alvo de R$ 120 mil para R$ 200 mil. Já o valor concedido nas operações passou de R$ 15 mil para R$ 21 mil.

Além disso, os pequenos negócios passaram a poder obter empréstimo­s a custo menor pela chamada ESC (Empresa Simples de Crédito).

O projeto aprovado pelo Congresso e já sancionado amplia o crédito ao MEI e empresas de pequeno porte. Abre caminho para que qualquer cidadão empreste dinheiro, como alternativ­a ao financiame­nto bancário.

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